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terça-feira, 14 de outubro de 2014

A mulher por trás da fachada de concreto

Você acha que aprendeu muito.

Afinal, são mais de três décadas de convivência diária.

Claro que me conheço. Sim, sei bem quem sou e, principalmente, o que quero.

Jura?

Hoje, me olho no espelho e vejo dois reflexos: quem eu sou e quem as pessoas acham que sou.

O problema é que não gosto da imagem que têm de mim - e não dou um jeito de o meu verdadeiro eu assumir o controle.

Mas sei que sou única e exclusivamente responsável por isso.

É o medo que mora aqui dentro que construiu essa imagem que hoje me persegue.

Quando vejo, lá está ela dando as caras.

Toda folgada.

Até tento remediar.

O que que tem de mal? É só um jeitão descarado, espalhafatoso, mas completamente inofensivo.

Só que não é.

Caso contrário, não haveria ressaca no dia seguinte.

Choro contido.

Dor no estômago.

Coração em pedaços.

Uso o lado "ruim" para esconder minha fragilidade, mas aí me sinto ainda mais insegura, machucada.

Tenho medo de assumir meu verdadeiro eu (que vive soterrado aqui dentro).

De não ser amada por isso.

De "perder" certas oportunidades, amizades.

Mas que diabos de fingimento é esse que só traz falsos momentos de felicidade?

Que no fim fere, fere e fere?

O meu coração dá todos os sinais. Diz quando é hora de parar, insistentemente.

Mas eu não paro.

Me violo por medo de jogar a real comigo e com os outros.

Não sou tão engraçada. Não sou tão durona. Não sou tão desprendida e bem resolvida.

Sou frágil. Romântica. Brega. Carente. Sonhadora. Sincera demais.

Pre-ci-so assumir isso.

Pra ontem.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

As fracas não têm vez

O vestido é a vácuo. Tão, mas tão justo que não há a menor chance de comer usando ele. Ou beber. Qualquer coisa.

Ele também é tomara que caia. Mas não é qualquer tomara que caia. É aquele que deixa metade do peito de fora (começa na altura exata do bico).

A parte de trás é um corpete, com aquelas tiras entrelaçadas (o que antes era considerado roupa íntima para se usar em ocasiões especiais).

Não acabou.

Na parte de cima do vestido, ainda há um pedaço de renda, que deixa o máximo possível de carne à mostra. Em alguns casos, a renda fica entre os seios, deixando apenas 1/4 do peito encoberto. Ah. E ainda tem brilho marcando todo o trajeto do decote em V.

A parte de baixo é minúscula. Por isso, sentar está fora de cogitação. Quer dizer, até respirar fundo está fora de cogitação (só vale respiração cachorrinho, entrecortada).

Além do mais, a “saia” é torada. Mais do que colada ao corpo. E costuma ser branca – afinal, transparência nunca é demais.

Também tem renda, rasgos, aberturas.

São todas as “tendências” em uma roupa só.

É o famoso #tudojuntoagoramesmo.

Como se o visual das garotas também tivesse entrado na onda de "viver cada dia intensamente, como se fosse o último".

De dar tudo. Mostrar tudo. Revelar tudo.

Esse costumava ser o look da piriguete (mais ousada, confiante).

Hoje, ele toma conta da noite.

Virou chique. Must.

Os homens, claro, adoram.

É.

O mundo não é para as fracas.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Lei do mínimo esforço

O objetivo é um só: manter as portas abertas.

Para quando eles quiserem voltar. Pra quando quiserem entrar.

E eles, normalmente, querem – ainda que de passagem.

E nós, normalmente, deixamos – mesmo ao saber que é de passagem.

Queria entender o porquê. Por que somos tão pacientes, compreensivas (e, por que não, bobas)? Por que damos tanto e aceitamos tão pouco em troca? Por que nos sujeitamos a certas situações?

Acho que tem a ver com essa coisa chamada sentimento (falta de amor próprio também é o caso. Ou medo de ficar pra titia).

É irremediável. Quando a gente gosta de um cara, aceitamos pouco. Muitas vezes, aceitamos quase nada. Pior. Muitas vezes aceitamos quase nada de um cara de que gostamos muito pouco.

Como pode isso?

Mesmo sem notícia alguma do ser, continuamos ali, firmes e fortes, disponíveis, intransponíveis. À espera de um whatsapp. De uma mensagem no face. De uma curtida no Instagram.

Aceitamos qualquer sinal. Qual-quer.

E mesmo quando a ficha cai e vemos que fomos enganadas (enroladas por dias, semanas, meses, à espera de algo que já se sabia que não viria), cometemos exatamente o mesmo erro com outro(s) – over and over.

Parece que nascemos para carregar essa cruz: perdoar quantas vezes for preciso os caras que nos enrolam (é, porque com os bonzinhos temos pavio curto).

Mas também devo dizer: esses caras são uns sacanas.

Pô, somos frágeis e demoramos a cair fora (por isso, por favor, diga com todas as letras que não quer mais, para que possamos dar continuidade às nossas vidas. E pare de ligar. Ou mandar mensagens quando está bêbado. Às três da madrugada).

E se aproveitar da fragilidade alheia é (deveria ser) crime.

A Fátima Bernardes abordou o tema em um dos seus programas. Colocou os convidados (homens) para listar as frases de efeito e outros “truques” usados para manter a mulherada à disposição deles. Eles contaram tudo. Às gargalhadas (aposto que não conseguem entender como caímos todas as vezes e não os mandamos pra aquele lugar).

Parece que ouvir a coisa assim, tão escancarada, dói mais. Sentimo-nos um tanto imbecis por acreditar no que dizem. Mas, fazer o quê? O que passou, passou. O negócio é não cair mais nessas armadilhas – e, quem sabe, rir da situação (ajuda muito, mas requer prática).

Por isso, montei uma lista com as “tentativas” mais preguiçosas de se manter uma mulher por perto (elas são tão ridículas que nem dá pra chamar de tentativa. Afinal, não há praticamente nenhum esforço envolvido, mas, enfim...).

O terceiro lugar do ranking do menor esforço vai para a mensagem: ‘Saudades’. É isso. O cara some, passa dias sem entrar em contato (às vezes, semanas, meses!) e, do nada, manda um ‘Saudades’. Ele não gastou nem três segundos para digitar essas letras e nem vai mandar mais nada (aposto que ele só copia e cola o termo de uma destinatária para outra). E você aí, se achando. Não deixe o coração se derreter por tão pouco. Se ele estiver mesmo com saudades, vai dar um jeito de provar.

O segundo lugar do ranking vai para a cutucada no Facebook. Sério. O cara nem se dispôs a digitar UMA PALAVRA SEQUER. Ele simplesmente deu um clique em um botão pré-existente. Mais fácil que coçar o saco. Que soltar um arroto. E você, bobinha, sentiu borboletas na barriga. É por isso que eu apoio a criação de um sistema real que dê uma tacada de bete na cabeça (pode ser no saco também) dos malandros cada vez que usarem o botão.

O primeiríssimo lugar vai para uma novidade. Nunca antes na história da humanidade eu tinha ouvido falar nessa “estratégia”. O cara manda um whatsapp. Mas não é uma mensagem de texto. Ele não sentou e bolou uma coisa legal pra dizer a você depois de 12 dias de sumiço – ainda sem explicação. Ele manda uma foto. Não dele. Nem de vocês juntos. Ele manda uma foto tosca, sem foco, sem filtro e mal enquadrada de um sanduíche. É, você leu direito. Sanduíche. Logo em seguida, chega um texto. Mas não é uma declaração. Nem um pedido de desculpas. Nem nada remotamente normal e razoável. Apenas a palavra ‘Chivito’. Ele perdeu tempo escrevendo o TIPO do sanduíche e não algo que pudesse interessar qualquer mulher com atividade cerebral minimamente regular.

E ainda dizem que NÓS, mulheres, somos exigentes.

* Nota de último minuto: o inútil do Chivito acabou de mandar um balão.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Poupe-me

Cara Mariliz Pereira Jorge,

Permita-me discordar de ABSOLUTAMENTE TUDO o que você escreveu em A incrível geração das mulheres chatas.

Infelizmente, seu texto preconceituoso e limitado não fez outra coisa a não ser debochar da mulher que diz que está só porque os homens têm medo das independentes.

Interessante. Só que não.

Antes de mais nada, devo dizer que adorei o seu "uma ova".

Afinal, você, sei lá, tem uns 5 mil anos de idade, já viveu em todas as partes do Brasil e do mundo (no Oriente Médio, principalmente) e seguramente conhece de cor todos os motivos pelos quais uma mulher estaria solteira.

E ser independente, meu Deus, não é um deles.

Você diz que a cada minuto que a tal chata gasta reclamando, outra mulher passa na frente e se dá bem na dança do acasalamento.

Outra vez, adorei.

Entre tantas expressões, tantas possibilidades, você escolheu 'dança do acasalamento'.

Algo que lembra sexo para fins reprodutivos... E eu achando que você falaria de amor.

Tolinha.

E isso sem falar que, pra você, encontrar alguém especial virou competição. Corre e agarra o seu porque senão vem outra e deixa você comendo poeira.

Massa.

Só um parênteses. Depois, por favor, escreve outro texto pra me explicar por que é ridículo sair com as amigas (de bolsas caras ou não) e reclamar dos homens.

Porque, que eu saiba, nós fazemos isso há gerações.

Quem sabe, desde que aprendemos a falar.

Faz parte de quem somos. Desabafar, fofocar, compartilhar, dividir. O bom e o ruim.

Não sei quando isso virou sinônimo de otária (e claramente isso não é uma particularidade da nova mulher).

Fecha parênteses.

Então, segundo você, a vida mudou para as mulheres, mas os homens não ficaram pra trás.

Eles viram toda a movimentação. Sacaram o lance desde o início.

E se adaptaram, como uma luva, à nova mulher (quer dizer, faltam alguns ajustes, você admite).

Trogloditas que esperam se casar com dona Baratinha?

Jamé.

Engraçado.

Devo ser lunática. Ou viver em um mundo paralelo.

Homem que reclama de mulher que trabalha fora? Que absurdo!!!

Homem que espera que a mulher cozinhe, lave a roupa, passe, arrume a casa, lave o banheiro? Indecente!!!

Homem que acha ruim a esposa ganhar mais do que ele? Sem noção!!!

Aí você conta a história da sua família.

Para provar sua tese.

Como se ela fosse representativa, sequer, do que acontece no seu bairro. O que dirá da população brasileira.

Grandes coisas.

As mulheres mudaram e está cheio de homem por aí com medo dessa nova mulher (eu não falei que todos têm medo. Nem que a maioria tem).

Já ouvi, centenas de vezes, que "mulher minha não chega mais tarde do trabalho, não viaja sozinha, tem que saber cozinhar".

Já ouvi também que minha independência os assusta, que não é qualquer um que aguenta mulher assim.

Meu tio querido sempre me diz: "quem mandou estudar tanto? Falar vários idiomas? Conhecer meio mundo? Não tem homem que dê conta. Vai terminar sozinha" (by the way, eu moro em Brasília, não no Líbano).

Mas talvez seja culpa da cera no meu ouvido. Vai ver fantasiei essas conversas.

Que bom que todos os seus namorados gostavam de você exatamente como foi criada pra ser.

Que massa que tem um cara na sua cozinha preparando o jantar, enquanto você escreve e bebe.

Que torce por você. Que está contigo pro que der e vier.

Acho que você não tem noção da sorte que tem. De quantas pessoas dariam tudo para ter o que você tem. De quantas pessoas estão casadas, juntadas, e não têm isso.

Posso sugerir uma coisa? Lembre-se de ajoelhar no milho e agradecer diariamente.

Mas é muita viagem sua achar que é assim com todo mundo.

Eu pensei em citar a realidade de toneladas de mulheres no Oriente Médio que ainda são tratadas como cidadãs de segunda classe e sofrem todo tipo de abuso (o que é ser independente mesmo?).

Pra quê?

O Brasil está cheio de gente assim. De histórias tristes. De relações doentias. De pessoas podres.

Em todas as classes, há mulheres sendo agredidas, desrespeitadas, humilhadas, traídas, enganadas.

Mas, claro, como você achou um cara e ele a ama como você é, quem não está na mesma só pode ser chata. Cri cri.

Seus pais nunca perguntaram quando você iria se casar ou ter filhos. Nunca a fizeram pensar que ser bem sucedida significaria ser mal amada.

Sorte sua outra vez.

Eu sou constantemente cobrada. Por que ainda não se casou? Qual o SEU problema? Que bom que você é bem sucedida, mas e o marido? De que adianta tudo o que conquistou se vai ficar pra titia?

Por acaso já falei que moro em Brasília e não no Líbano?

E olha que me considero uma pessoa privilegiada.

Posso só imaginar o que outras mulheres independentes ouvem por aí de pais, amigos ou jornalistas não tão legais.

Pra me desmoralizar e mostrar que nem TUDO o que você fala é um absurdo, você diz: "Todo mundo quer um chinelo velho pro seu pé cansado". Verdade. Ponto pra você.

Pena que seu disco está riscado. Seu encerramento é péssimo.

Então, pra você, se uma mulher acredita que está sozinha porque é independente e diz que os homens não sabem lidar com isso, ela só pode ser chata.

Você já pensou que, talvez, só talvez, ela tenha tido azar e conhecido caras (paqueras, pai, tios, colegas, professores, chefes) que passaram anos repetindo isso a ela? E que ela, insegura, acreditou? Afinal, se continua solteira, só pode ser por isso.

Talvez ela só precise de um pouco de sorte.

Sorte de conhecer alguém legal que goste dela como ela é.

E que mostre a ela que suas escolhas não foram equivocadas.

Que ela é uma grande mulher.

Que inteligência não assusta e que não há pecado em viver à base de miojo e cerveja.

Sabe o que é chato de verdade?

Chato é quem rotula. Quem aponta o dedo. Quem julga sem conhecer.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Aqui também bate um coração

Eu sei.

Tenho um blog que se chama Perdeu, Playboy.

Um blog que adora malhar os homens (principalmente os sacanas, mentirosos, picaretas, babacas).

Sei também que minhas histórias são ácidas e que meu tom é de desdém.

E você aí, que me lê, imagina que por trás desse site está uma mulher forte, durona - e, quem sabe, chata, amarga, mal resolvida.

Acho que essa é a imagem que passo - e não só pra quem lê o blog.

Eu sempre fiz questão de me sacanear, antes que me sacaneassem.

Sempre passei essa imagem de alguém que não leva desaforo pra casa, de alguém inabalável.

Uma forma de me blindar das críticas, dos ataques, dos golpes baixos.

Uma forma de me preparar, na esperança de o tombo ser menor.

No fundo, nada disso resolve. Não muda a realidade.

Não muda o fato de que tenho um coração mole. Muito mole.

Choro com novelas, comerciais, gibis.

Me emociono com as cenas mais banais, mais comuns, mais batidas - um beijo, um abraço, um olhar.

Sou uma criança: sonhadora, ingênua, sempre disposta a acreditar nas pessoas.

E, se isso tem um lado muito legal (de enxergar brilho nas coisas), tem também um lado muito difícil.

Quando um cara some, finjo que não estou nem aí. Dou uma desculpa qualquer pra mim mesma. Parto pra outra. Mas o meu coração, tadinho, tá lá, caído no ringue.

Mesmo quando o cara não some. Quando apenas nos damos conta de que dali não vai sair nada, me derreto.

Mais uma frustração. Mais uma cicatriz. Ou apenas o medo de ficar sozinha. De não ser amada.

Às vezes, acho que, por causa da idade, estou safa.

Já vi de tudo um pouco. Nada mais (nem ninguém) pode me surpreender.

E aí acontece alguma coisa que me faz ver: continuo absolutamente suscetível.

Culpa desse coração mole, ingênuo, sensível, esperançoso...

Se me fosse dado o direito de riscar apenas UMA experiência do meu caderninho, aquela coisa pela qual nunca mais gostaria de passar, seriam as falsas promessas.

Pra que, meu Deus, encher alguém de esperança e depois sumir ou esquecer o que se disse?

Sabe. Você tá lá na sua. Já sabe que a coisa não vai engatar. Que é um rolo.

E vai tocando do jeito que dá.

O que a pessoa lhe oferece é pouco, mas você se agarra àquilo com todas as forças.

Tudo em troca de alguns bons momentos.

De alguma forma, você se adapta. E se blinda.

Consegue tirar dali um tantinho de felicidade.

Enquanto sonha com algo maior, algo verdadeiro.

E aí, de repente, a pessoa "se declara".

Quero você. Quero muito. Chega desse lenga-lenga. Vou levar você a sério.

E você, que sempre se protegeu direitinho, vai cedendo, vai baixando a guarda.

Permite-se acreditar e, ai meu Deus, quem sabe ser feliz!

Viver. Tentar. Se jogar.

Mas a alegria dura pouco.

No dia seguinte, ele não se lembra do que disse.

E ri, nervoso, preocupado com o que andou prometendo.

Sabe?

Se liga.

Já chega de machucar este alguém aqui.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Rapidinha

- E aí, já jantou?

- Não.

- Bora sair pra comer alguma coisa?

- Sabe o que é? Estou tão cansada ... (ou seja, não gosto de você)

- Ufa! Ainda bem que você disse não. Eu convidei só por convidar. Pra mim também não dava! Tá vendo como a gente combina?

- (cri, cri, cri)...

terça-feira, 22 de abril de 2014

Errar é preciso

É dureza admitir, mas devo dizer que sou cabeça-dura.

Quando bato o pé a respeito de alguma coisa, ninguém me faz mudar de ideia. Ninguém mesmo.

Eu sempre fui daquelas pessoas que tinham respostas para tudo.

Adorava as regras (e "exigia" que todos as cumprissem).

Era o moralismo em pessoa.

Graças a tanta dureza, deixei para trás amizades valiosíssimas.

É verdade que a pessoa errou (e feio) comigo. Vacilou muito.

Mas hoje vejo que a mágoa pelo fim da amizade é maior do que a dor que senti no momento.

Também me lembro, com o peito apertado, de colegas que foram alvo dos meus ataques moralistas.

Quantas amigas já não ouviram sermões quilométricos sobre o absurdo que é trair o namorado (ou virar amante)!

Tudo bem. Queria protegê-las. Evitar futuros sofrimentos. Cuidar.

Mas em nenhum momento eu parei de verdade para ouvir o que estava por trás daquilo.

Por que elas procuraram consolo em outros braços.

Era mais fácil julgar.

E o tanto que ridicularizei pessoas que terminavam um namoro, queimavam o filme do cara, pra depois voltarem às boas, na primeira oportunidade?

Ou então as que davam um ultimato, o cara fugia corrido e ainda assim elas aceitavam o "pouco" que ele tinha a oferecer?

Já desprezei colegas de trabalho que falaram mal de mim pelas costas.

Verdadeira decepção, eu sei, descobrir uma coisa dessas.

Mas quem aqui não sabe que o mundo é competitivo? Que as pessoas são, às vezes, canalhas? Que a inveja sempre existiu e vai continuar existindo?

Tudo bem! Ninguém quer ser alvo de nada parecido, mas passar o resto da vida de mal ou alimentar dentro de si um ódio crescente não dá.

E o que dizer de ficar brava porque aquele namorado que te jurou amor eterno conheceu alguém e mudou de ideia?

É verdade. It hurts like hell! Mas as pessoas são assim! Mudam! Como culpar alguém por isso?

A grande merd... é que, no fim das contas, quem sofre é você. Quem carrega esse ressentimento insuportável no peito é você. Não quem te magoou.

Ainda bem que a vida é por demais esperta (sabe de nada, inocente!).

Você, mais dia, menos dia, acaba pagando a língua - e faz exatamente as mesmas coisas que um dia condenou.

Não sei se foi por isso que mudei.

Que deixei pra trás tanto radicalismo.

Que comecei a rever minhas posturas.

Só sei que hoje sou outra (espero!).

Tudo bem. Ainda posso ser muito inflexível, mas penso duas vezes antes de condenar alguém (a não ser que no dia em que meu espírito ariano está com tudo! Aí, sai de baixo!).

E nem é porque um dia posso fazer igual e não vou querer ser repreendida.

É porque não vale a pena levar tudo a ferro e fogo.

A dor que fica é grande demais.

Conheço histórias maravilhosas de pessoas que souberam dar a volta por cima em situações difíceis e que são extremamente felizes, realizadas.

Isso só acontece porque não há regras.

O que funciona com um pode não funcionar com outro.

E a gente só aprende isso vivendo.

Caindo e se levantando.

Pode ser que uma traição coloque um ponto final em um relacionamento.

Mas pode ser também que tire o casal da rotina e o "force" a repensar a relação, a melhorar as coisas, a dar mais valor um ao outro.

Pode parecer insano tratar com educação alguém que te passou a perna no trabalho.

Mas, ao fazer isso, você não só fica livre daquele ódio que corrói, como mostra ao outro quem é que sabe dar a volta por cima.

E é por isso que hoje eu erro sem tanto peso na consciência.

domingo, 13 de abril de 2014

Um sonho de liberdade

Sonho com o dia em que vou ser livre.

Não livre metaforicamente falando, mas VERDADEIRAMENTE livre.

Livre não só para viver minha vida.

Mas para vivê-la sem interferências. Sem cobranças. Sem pressões.

Eu sinto que tenho uma vida maravilhosa.

Realizei muitos sonhos (muitos deles bem cedo).

E minhas conquistas me fazem sentir abençoada. Privilegiada até.

Tenho a vida que pedi a Deus.

Acontece que nada disso parece importar.

Porque, apesar de tudo o que conquistei, de todos os obstáculos que venci, estou solteira.

E sabe como é.

Não importa o que você tem, quem é ou o que alcançou.

O que importa é estar casada - ainda que seja um casamento de fachada ou fracassado.

Mulher solteira, infelizmente, é sinônimo de mulher infeliz, mulher amarga, mulher sofrida.

Não que isso seja surpresa.

O Ipea mostrou, recentemente, que muita gente acha que mulher que anda de roupa curta merece ser estuprada.

Ou ainda que há mulher para casar e mulher para comer.

Então, nada mais "natural" do que achar que mulher tem que ter algum (qualquer) homem do lado para ser alguém. Para estar completa. Para ser respeitada, aceita.

O pior é que, a cada ano que passa, a pressão cresce.

E aí não é apenas a pressão pelo casamento. Soma-se a isso a pressão pelos filhos.

De repente, sem você se dar conta, você vira o assunto (e a preocupação) de todo mundo.

Em casa, no trabalho, na academia, no curso de mestrado ou na aula de costura, não importa, você é o grande assunto.

A sensação que dá é que a vida das pessoas é tão entendiante, frustrante ou triste que só resta se meter nos assuntos alheios - e transferir para mais alguém o peso do próprio fracasso.

Só que eu cansei.

Cansei de ser pressionada, cobrada.

Não tem o que fazer?

Vai ler um livro, plantar uma árvore ou aprender um ofício novo.

Ou, quem sabe, cuidar do SEU casamento? Se aproximar dos SEUS filhos?

Não estou aqui para servir de ponto de descarrego.

Se quiser ser minha amiga, torça por mim.

Torça pela minha felicidade.

Reze por mim. Mande boas vibrações.

E ofereça seu ombro quando eu estiver sofrendo ou até brigue comigo quando eu aprontar.

Só não me transforme mais no seu alvo.

Chega de bullying.

Ele só me magoa. Ele só me machuca. Ele só nos afasta.

Por isso, este ano, o presente de aniversário que mais desejo é que eu deixe de ser o tópico da sua preocupação e possa ser livre para viver.

Viver e continuar sendo feliz.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Eu não quero me casar!

Sim.

É isso mesmo que você leu.

Eu não quero me casar.

O quê?

Chocado?

Bem que eu imaginei.

Já sei. Você vai me lembrar que EU vivo falando sobre o assunto.

Externando meu desejo em formar uma família.

Sinto decepcioná-lo, mas você entendeu tudo errado.

Eu não quero me casar.

Quero, sim, me apaixonar.

Quero viver nas nuvens.

Quero sonhar acordada e rir sem motivo.

Quero me emocionar com o nascer e o pôr do sol.

Quero ver graça em casais de mãos dadas.

Quero sentir o estômago revirar às vésperas de cada encontro.

Quero colo e carinho.

Quero companheirismo, parceria.

Quero fazer planos, grandes ou pequenos.

Quero enxergar o brilho mesmo nas coisas mais diminutas.

Quero dançar em casa, sozinha, de pura felicidade.

Quero dormir abraçada.

E acordar saciada.

E, se for de nosso interesse e se assim a vida permitir, trilhar juntos um caminho.

Qual a diferença?

Toda.

Afinal, não estou falando de alcançar um objetivo. De concretizar um plano. De cumprir uma meta.

Casar, em si, não é o MEU fim.

Ser feliz é.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Cresça e apareça

Você me quer e já deixou isso claro. Eu me sinto muito lisonjeada, acredite. Mas, sabe, nunca menti para você. E isso deveria ser levado em consideração.

Já disse que somos muito diferentes. Estamos em estágios diferentes da vida. Enxergamos muitas situações praticamente de maneira oposta.

Queria que você entendesse que não estou sendo grossa. Que não estou com medo de viver essa experiência. Que não tenho preconceito com relação à sua idade. E que não me preocupo com o que os outros vão pensar.

Eu simplesmente não me sinto atraída por você.

E, sim, é uma merd... ter que te dizer isso assim, tão claramente, na cara. Mas você provocou. Pediu. Cobrou. Insistiu. Fez cena.

Eu tentei dar indiretas e ser discreta. Mas, como vi que você não entendeu o recado, mudei o approach.

E a sua reação? Lamentável, mas não posso dizer que estou surpresa.

Impressionante como homem vira moleque assim que ouve um não. Não cumprimenta, vira a cara, olha torto, desvia o caminho.

Tá, eu também não vou continuar ligando para alguém que me disse não, mas eu também não dou piti.

Sabe, o não faz parte da vida (não acredito que ninguém te ensinou isso). E pode estar certo de que você (e eu, minha vizinha, seu cachorro de estimação e o mundo todo) ainda vai ouvir muitos nãos. Em casa, no trabalho, no amor. Hoje, amanhã e sempre.

E se toda vez que você receber um não você pirar, meu amigo, prepare-se pra viver estressado. Prepare-se para virar o mal humorado, o chato, o pessimista, o reclamão.

Porque os nãos virão. Certeza.

E também nem adianta me fazer sentir mal por como lidei com a situação.

É bem verdade que eu sinto falta de poder conversar com você, de ao menos cumprimentá-lo, mas não vou dividir essa carga pesada que você carrega. Simplesmente porque não me arrependo de ter sido direta e sincera.

O tempo passa e as coisas mudam. Mas, honestamente? Não espere o amanhã chegar para rever seu comportamento. Mude hoje. Já passou da hora de você crescer.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Tolinho

Nossos olhares se encontraram em meio a uma multidão feliz e embriagada.

Poucos segundos depois, eu já sentia a respiração quente dele no meu cangote.

Nem preciso dizer o que veio a seguir.

Mas a tentativa de beijo falhou.

Esquivei-me (dessa grande e imperdível oportunidade).

Foi a primeira vez que ele tentou me beijar.

Mas não foi a primeira vez em que se “interessou” por mim.

Ele riu.

“Você sabia que eu fui obcecado por você? Nossa. Como fui. Durante uma semana, tudo o que fiz foi pensar em você, dia e noite. Aliás, qual é mesmo o seu nome?”

Aqui, uma pausa para reflexão.

Sério? O cara quer beijar a garota e a primeira coisa que ele diz, em meio à vastidão infinita de possibilidades, é que o interesse dele por você durou uma (pífia) semana e que ele nem se lembra do seu nome. Quão especial.

(Continuando...)

Você ri, por delicadeza. Diz seu nome.

Ele te elogia. “Nossa, você está linda! Ainda mais linda.” Admite que é possível (não vá ficar toda animadinha. Não há garantias) que role uma nova obsessão, como a daquela semana hoje distante.

Tudo para conseguir um beijo.

Mas o beijo não vem.

Ao todo, são cinco minutos de insistência.

Cansado do “esforço” hercúleo para me conquistar, ele vaza.

Beijo, tchau.

Dias depois, vem o pedido de amizade no Facebook.

Já amigos, a janela de bate-papo começa a piscar.

O papo segue o mesmo rumo do dia em que nos encontramos.

Agora, a cantada não é sobre sua mais nova (antiga) obsessão.

É diferente.

Ele parte com tudo pra cima.

E solta o que acredita ser uma proposta irresistível.

“Que tal nós dois na sua casa? Você cozinha. Eu tomo uma cerveja gelada, enquanto vejo jogo. A gente janta. E faz amor.”

Não, obrigada.

Pensa bem. Ele quer ficar comigo e o máximo de esforço que está disposto a fazer é dirigir até a minha casa. Eu que cozinhe e o mime muito por ter uma chance tão incrível como essa.

Deveria ter aceitado sem pestanejar. Afinal, não é sempre que um cara me propõe algo tão inacreditavelmente bom.

Mas, sei lá. Ando chata. Seletiva. Coisa de feminista. Sabe como é.

Daí ele parte pra outra estratégia: a coação.

Ele diz que conhece bem meu tipinho (começou bem). Essas mulheres que adoram bater papo e conhecer o cara antes da coisa rolar. Já saiu com algumas assim (viu, meninas? Somos uma espécie em extinção).

E acha tudo isso muito ridículo. Patético até.

Para ele, toda pessoa sabe, imediatamente, ao colocar os olhos no outro, se a coisa rola ou não. Não há nenhuma possibilidade de a conquista, o tempo ou a convivência despertarem seu interesse. Fora de cogitação.

Ou seja, qualquer lenga-lenga ou adiamento é frescura. E merece troco.

“Sabe o que faço com mulheres frescas como você? Levo para jantar nos melhores restaurantes. Duas, três vezes. Até você se sentir à vontade e deixar a coisa rolar. Então, te levo pra cama e nunca mais apareço.”

Jura?

O bom é que o cara se revela todo, rapidinho. Você nem precisa cavar informação para saber se ele presta ou não.

E ele ainda achou que, ao me contar essa deliciosa história de amor, eu ia entrar em pânico e, como não, abrir as pernas.

Ai, os homens... Sempre nos surpreendendo (ainda que negativamente).