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sexta-feira, 29 de junho de 2012

O equilíbrio

O último texto, Orgulho de ser mulher?, rendeu um comentário lindo da amiga Lyana! Ela me mandou por e-mail, mas resolvi compartilhar com vocês. Aproveitem!

Por Lyana Azevedo

“Essa é pra casar.” Quem não conhece essa frase? Nossas avós um dia foram “rotuladas” assim. Porque sabiam bem como se portar, como ser esposa e mãe, sem deixar de ser mulher. Aquela mulher que cozinhava, bordava e cuidava da casa como ninguém, mas que nem sempre tinha estudo, não podia trabalhar e nem votar. Sexo era assunto proibido e exercício com fins de reprodução. Sexo com prazer era exclusividade masculina.

Depois, as mulheres exigiram direitos: queriam votar, trabalhar, usar calça e cabelo curto. Queimaram sutiãs. E, pelas minhas contas, foi essa a curva errada da história. Porque junto com os direitos adquiridos, vieram os deveres. E, junto com os dois, o erro da conta: enquanto a intenção era valorizar a mulher como cidadã e profissional, o tiro saiu pela culatra e a mulher acabou se desvalorizando. Os homens até se opuseram no início, mas depois perceberam que não havia mal nenhum em ter mais um salário – desde que menor que o deles –, dividindo as contas, se eles não precisassem dividir a louça, a limpeza, a roupa suja ou o fogão. Perfeição, não?

E veio a nova revolução feminina: mulheres cidadãs e profissionais quiseram que seus maridos, namorados e irmãos dividissem com elas as tarefas domésticas. Foi onde muitos homens tomaram gosto pela cozinha, que passou a se chamar gastronomia, ou pela costura, que passou a estilismo. Até as máquinas de lavar acrescentaram a função secar para agradarem aos homens.

Hoje, as mulheres da nova geração são cidadãs, profissionais, eleitoras, formadoras de opinião, líderes. Têm em casa maridos que fazem compras do mês, namorados que cozinham melhor que elas, irmãos que entendem mais de moda. E isso inclui a geração de 30 e tantos, que começou isso sem perceber. O que mais faltava às mulheres revolucionar?

Mais uma vez na história a mulher inicia uma revolução: a revolução do corpo. De corpos expostos, malhados ou não, novos ou não, adornados com piercings até onde não se imagina um, esticados, lipados e preenchidos. Do lema “o corpo é meu e eu decido o que faço com ele”. O problema é que o tiro novamente saiu pela culatra. O culto ao corpo foi desvirtuado de geração saúde para geração seminua. A liberdade de expressão por meio da arte no corpo passou a arma de sedução quase sado-maso. E “o que fazer do corpo”, que expressava a opção do aborto, do direito a ter prazer e dar prazer quando achasse por bem, passou à condição de utensílio sexual descartável. Tem homem que, dependendo do meio onde vive, pode até usar a mesma camisinha duas vezes, mas não usa a mesma mulher.

E é claro que existem sobreviventes. Confesso que passei pelo processo: bebi demais, vesti roupa de menos, fiz muito mais que devia com gente que nem sabia o nome. Mas estou aqui, sóbria. Outras colegas de gênero talvez não tenham passado por isso, provavelmente crias de uma sobrevivente do período anterior. As piores são, sem dúvida, as que apelam à desvalorização para se satisfazer de certa forma, num processo parecido com “no pain, no gain”, onde dor é se vestir de adolescente, se comportar como cachorra – e chorar como criança no dia seguinte. E ganho é só se sentir emocionalmente saciada depois de umas mãos na bunda, uns amassos do canto da boate e, se der sorte, um sexo medíocre – mas só se ela se dispuser a pagar o motel.

Existe esperança? Hei de confessar que meus maiores prazeres hoje são caminhar “sem pressão e por saúde” e cozinhar pro meu namorado. Não deixo de estudar, de ser profissional reconhecida, de criticar e revolucionar. É um equilíbrio. Cada uma de nós há de achar o seu.

Muitos processos de ajuste se dão com a evolução e o exagero misturados, onde é preciso aparar arestas, avaliar e deletar, reestruturar o desestruturado. Espero que a próxima geração – e quem sabe as nossas filhas não estejam nessa – seja finalmente a que valoriza, de forma saudável e equilibrada, o que é ser mulher de verdade, mesmo que longe de perfeita.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Orgulho de ser mulher?

Já tive muito, muito orgulho de ser mulher. Nossa doçura, nossa delicadeza, nosso jeito de querer fazer do mundo um lugar melhor, nosso coração de mãe, nosso amor sem limites, nossa infindável fé nos homens, no futuro... Coisa de Deus, com certeza.

Hoje, infelizmente, já não posso dizer o mesmo. Meu orgulho está arranhado. Confesso que, com frequência, sinto-me envergonhada por ser garota. Esse sentimento de decepção ficou pior nos últimos dias. Uma simples festa me deixou traumatizada.

Ao chegar ao local da festa “junina”, meu queixo caiu. A começar pela vestimenta das mulheres. Em uma noite fria, imagina-se encontrar pessoas vestidas apropriadamente. Mas por lá tudo estava às avessas: vestidos não apenas justos, mas torados, não apenas curtos, mas minis (deixando entrever celulites, calcinhas e designs interiores), não apenas decotados, mas ínfimos, irrelevantes, suficientes para cobrir bicos...

Por que será que as coisas mudaram? Por que será que o importante hoje é se expor, se mostrar, como carne em açougue? Acho deprimente, degradante. Cadê a decência? Cadê o mistério, tão relevante para despertar o interesse? Cadê o respeito pelo próprio corpo? É o fim dos mundos sair de casa praticamente nua para conseguir chamar a atenção de quem quer que seja...

Será que essas mulheres já pararam para pensar no tipo de mensagem que passam? Baratas, fáceis, vulgares, para dizer o mínimo. Características que eram associadas às mulheres da vida, mas que hoje viraram lugar comum... Que pessoa admira alguém que se veste de forma tão degradante, tão exposta? Claro, os homens parecem adorar o novo estilo feminino, afinal, com isso, eles podem conseguir tudo o que sonham sem precisar se esforçar, sem precisar gastar lábia, sem precisar pagar...

Mas a coisa não para por aí. O problema não está só nas roupas. As atitudes também estão denegridas. As mulheres de hoje bebem demais, beijam qualquer um, transam rápido demais e acham que pegar uma pessoa por noite, imitando os homens, significa direitos iguais. Se pelo menos as mulheres imitassem os homens decentes, os homens educados... Não, foram logo copiar os depravados, canalhas, desrespeitosos... Para quê? Tudo bem. Queremos ter o direito de escolher com quem casar, queremos poder separar quando o casamento vai de mal a pior... Mas o que vemos hoje vai muito além disso.

O pior é que fica parecendo que todas são assim... Eu não sou mais respeitada pelos caras da balada porque centenas de piriguetes deixaram bem claro que não querem, nem precisam, ser respeitadas. Elas querem ser tratadas como iguais, querem só uma chance de mostrar que são tão "ousadas" quanto eles...

Outra coisa que me chocou foi a quantidade surpreendente de pessoas mais velhas nas baladas (curioso como o número de homens mais velhos é infinitamente menor). Nada contra o direito dessas mulheres de saírem de casa, dançarem, se divertirem, mas como é feio vê-las seminuas, avançando nos caras, quando, no fundo, deveriam ensinar bons modos às novas gerações.

Sinto MUITA falta da época em que os homens se aproximavam para conversar... Quando se aproximavam porque havia um desejo genuíno de conhecer você e não qualquer uma... De como gastavam uma balada inteira só conversando, trocando ideias, para então conseguir seu número de telefone e continuar a conquistá-la. Como se esforçavam para levar a mulher para jantar, como pagavam a conta, como abriam a porta do carro... E isso não faz tanto tempo assim. Uma década no máximo.

Hoje, o cara já chega agarrando você pela cintura, chamando de gostosa, tentando roubar um beijo após meio minuto de conversa e caso não consiga o que quer dá chilique, sai falando palavrão e ainda investe na sua melhor amiga, sem o menor peso na consciência (pior é quando a amiga fica com o cara...). E isso quando não inventa que tem que ir ao banheiro e aí some. Ridículo. E por que será que esse comportamento leviano, desrespeitoso veio para ficar? Depois de muito pensar, vi que a culpa está no sexo feminino.

Somos nós que freamos esses impulsos pegajosos, somos nós que ditamos o tempo e o ritmo dos homens, das paqueras, somos nós que permitimos ou não certos comportamentos, certas atitudes. Mas se resolvemos adotar uma postura moderninha e mostrar que topamos qualquer esquema, nada mais segura os homens...

Espero, honestamente, não ter que enfrentar outra situação como essa, de ver a degradação feminina; espero nunca ser confundida com os membros desse mundinho superficial; espero não me contaminar. Torço para que haja por aí não apenas mulheres que pensam como eu, mas também homens que valorizam as mulheres de antigamente, tradicionais, que não apoiam essa postura.

Nada contra uma mulher trabalhar. Nada contra ter mais direitos. Nada contra poder se aproximar de um homem e puxar um papo, sem ter que esperar que ele se aproxime. Mas tudo contra se perder na vida e se comportar como um ser barato, sem valor e descartável.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Addicted to love

Queria entender qual o nosso lance com o amor. Por que será que precisamos tanto de amor para viver? Por que ficamos tão fragilizadas quando não há amor por perto? Por que adoramos dizer ‘eu te amo’? Por que nos sujeitamos a tantos namoros loucos, solitários ou baixo astral só para ganhar um pouquinho de amor vez ou outra? Alguém deve ter uma boa explicação para tamanha dependência feminina...

Os homens não são nada como nós. Não que desprezem o amor. Mas é aquela coisa. Se ele acontecer, o momento for adequado e houver espaço na agenda, o amor até é bem-vindo. Já com a gente...

Parece que nascemos ocas, faltando um pedaço. Já saímos da barriga de nossas mães conscientes de que não estamos completas e de que necessitamos de alguma coisa ou alguém para nos sentirmos plenas – e poder viver feliz, em paz.

Sem amor, parece que não há nada. Sem amor, o sol não brilha, a noite é fria e a luz das estrelas é opaca. Sem amor, não há riso puro, não há troca verdadeira, não há felicidade espontânea. Sei lá, parece que as coisas perdem a graça e a gente passa apenas a empurrar a vida com a barriga, em vez de vivê-la em sua plenitude.

É por isso que sempre busco o amor onde estou, aonde vou, nas pessoas que convivem comigo. Submeto-me às videntes mais cascateiras só para ouvir que há muito amor no meu futuro, que o amor vai abrir muitas portas ou que o novo amor trará ‘ganhos’ (seja lá o que for que isso significa). E não importa o gabarito da vidente: se falar de amor, ela me dobra, me ganha.

Às vezes penso em como seria prático ser homem. Não namorar aquela mulher maravilhosa, por quem se está perdidamente apaixonado, só porque aquele não é o melhor momento (um dia ainda gostaria de entender esse negócio de ‘melhor momento’); não ligar para aquela menina bacana da balada porque pegar todas é muito mais simples e diversificado; não dizer ‘eu te amo’ e entrar de cabeça porque, enfim, vai que um dia a coisa termina – e aí é melhor se poupar de qualquer sofrimento.

Mas sempre que essa ideia louca aparece, eu faço questão de arremessá-la longe. Mesmo com todo o sofrimento, mesmo com toda a dor, mesmo com todas as decepções, amar ainda é a melhor coisa da vida. Não imagino minha vida sem amor. Não imagino meus dias sem esse brilho. Não imagino um futuro sem toneladas e toneladas transbordantes de amor, abalando constantemente (e para melhor) meu jeito, minhas teses, meus argumentos. Afinal, amar é ver o mundo com o melhor dos filtros.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos Namorados: ame-o ou deixe-o

Todo o ano, ele está aí. Para o bem ou para o mal. E dependendo de que grupo você faz parte, as reações são diametralmente opostas.

Quem está amando conta os dias para o 12 de junho chegar logo. Semanas antes, há quem já comece a pensar em todo o esquema: que presente comprar, o que escrever no cartão mais do que überespecial, onde jantar... As mais animadas compram lingerie nova – vai que a peça ajuda seu boy a redescobrir seu corpo e, por conseguinte, redescobrir o amor e assim dar aquele gás extra para bombar o relacionamento e engatar de vez forever para todo o sempre?

Tem também as mais práticas, que se preocupam mesmo em reservar com antecedência o quarto para a noite de São Valentim. Afinal, quem vacila enfrenta filas quilométricas de espera – e manter a libido a ponto de bala por horas a fio não é mole.

As mais românticas sonham que a data marque um momento ainda mais especial. Ou seja, o noivado. Aliás, isso não se restringe às mais românticas apenas, mas a todas nós. Deve ser por isso que caprichamos tanto nas comemorações do Dia dos Namorados. No fundo, queremos que nosso namorado se toque do quanto nos ama e que peça logo nossa mão em casamento para podermos ser felizes como nos contos de fada (damn it)!

Já quem não está amando outra pessoa, mas apenas se amando, passa por poucas e boas no dia 12. Primeiro, ao ter que aguentar o clima meloso, as lojas anunciando promoções para quem está enganchado, os corações batendo acelerados, as pessoas suspirando, os anjos soltando suas flechas, os sinos tocando... Fora as matérias na TV, as campanhas publicitárias e os filmes mela-cueca...

Como se não bastasse, as solteiras viram alvo da "piedade" alheia. Não há UMAZINHA que escape dos comentários maldosos. O mais odioso, a meu ver, é: “Você precisa parar de pensar no assunto ‘namorado’, querida. Só assim, quando você desligar, é que o homem da sua vida aparece! Entendeu? Tolinha...” Claro, porque essa teoria foi testada e comprovada por... quem mesmo? Queria saber quem inventou essa baboseira de que o amor só vem quando você para de pensar nele. E esse é só um dos comentários sem noção...

Tem ainda quem vire alvo de mães e amigas. De repente, começam a surgir nomes e nomes de caras bacanas, interessantérrimos, lindos, fofos, partidos nota mil que, por acaso, estão solteiros e que, também por acaso, parecem ser o seu número (Claro. Ninguém descobriu que eles estavam solteiros antes. Só há poucos dias do fatídico dia).

O empenho das mães para desencalhar as filhas é até compreensível, afinal é a reputação delas que está na reta. Estranho mesmo é o esforço hercúleo das amigas. Como acreditar que o tal amigo dela é assim tão sensacional? Se ele fosse mesmo, a tal amiga já o teria agarrado para si (quem é mulher entende do que estou falando)!

A data só é mais punk para as solteiras convictas, que aí sim viram alvo da caça às bruxas...