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domingo, 29 de dezembro de 2013

Por um 2014 menos matemático

Eu sempre fui racional.

Quer dizer, sou só coração (neste momento, você deve estar pensando o quão louca eu sou, já que acabei de negar palavra por palavra a primeira frase).

Mas é verdade. Sou muito emotiva.

Choro demais, me emociono com as coisas mais banais, me entrego de primeira...

É meu jeitão, desde criança.

Mas, em meio a tudo isso, sempre tive uma pitada de racionalidade.

Eu me entrego, me jogo, mas, quando vejo que tem alguma coisa errada, desconfio e ponho a racionalidade pra funcionar.

Serve pra colocar o pé no freio quando a coisa não cheira bem.

De resto, emoção pura.

Com o tempo, isso foi mudando.

Acho que as pancadas da vida acionaram meu lado racional - e ele começou a ficar muito mais alerta.

Cheguei até, há poucos anos, a viver uma experiência em que o amor nasceu com o tempo, com o carinho, com a admiração - e não fruto de uma paixão.

É estranho. Fazer o caminho inverso, digo.

Mas é bom.

É bom saber que nem sempre a coisa segue aquele caminho tradicional. Da paixão ao amor (e também aumenta as chances de conhecer alguém).

Mas é ruim.

É ruim porque não consigo imaginar coisa melhor do que aquelas borboletas no estômago, revirando tudo, de um lado pro outro, até você ficar sem força, sem sentido, tonta de desejo.

Por isso, decidi que é isso que eu quero pra 2014.

Tudo bem que a racionalidade é importante. Ninguém quer se machucar à toa.

Muito menos eu. Aos 33 anos.

Mas já chega de pôr o pé no freio.

Quero me jogar.

Quero me apaixonar. Lou-ca-men-te.

Pensar o dia todo no outro.

Sonhar com o encontro - e o reencontro.

Sentir as borboletas revirarem o estômago de prazer.

Ficar nervosa com a proximidade do beijo. Do primeiro, do segundo, do milésimo...

Quero beijos longos, molhados, em público.

Aqueles beijos adolescentes, profundos, intensos. Tão intensos que você suspira entre uma investida e outra.

Quero mãos dadas. Desejo à flor da pele.

Olhos brilhando e um sorriso que não sai do canto da boca.

Dormir de conchinha e acordar entrelaçada.

Se amar tanto ao ponto de perder a vontade de tomar café.

Mas, se vier a hora de tomar o café, tomar agarradinhos, toda hora se tocando, se pegando, se olhando - contando os minutos para o café acabar.

Quero acordar e dormir nas nuvens.

Quero flerte, arrepios, olhos marejados.

Sempre fui intensa. Com o tempo - e as dores da vida, fui mudando.

Mas não quero mais. Não quero ser madura - não nesse caso.

Quero ser menina, malandra, moleca.

Quero tudo. Ontem, hoje e amanhã.

Por isso, meu pedido na virada do dia 31 é por um ano menos matemático e mais passional.

sábado, 9 de novembro de 2013

Por mais respeito

Ele passou a noite toda conversando com ela.

Só com ela.

Demonstrou interesse logo assim que a viu. E manteve os olhos grudados nela a noite toda.

Mas não ficaram. Não trocaram telefone.

Uma semana depois se encontraram novamente.

E, mais uma vez, passaram a noite colados.

Até que veio o beijo. O grude. O amasso.

E a natural troca de telefones.

Ela ficou feliz. Gostou dele (e é bem verdade que também ajudou a tirar a cabeça do ex).

Além da troca de telefones, eles combinaram de sair juntos durante a semana.

No dia seguinte, sem notícias, ela decidiu tomar a iniciativa.

Mandou mensagem para saber onde ele estava.

Quem sabe não podiam tomar um drinque?

Nenhuma resposta veio.

Tudo bem. Ele pode estar ocupado. Estar com a filha.

E os dias foram passando. E nada de notícias.

Mal sabia ela que aquilo era um prenúncio de quem ele verdadeiramente era.

Até que veio a confirmação do jantar.

Oba! Agora vai!

Então tá.

Veio o momento de pensar na roupa. No cabelo. Na maquiagem.

Veio o momento de sonhar. Suspirar fundo. Rir sozinha em frente ao espelho. E fazer aquela dancinha destrambelhada que toda mulher feliz conhece de cor.

No dia do jantar, o coração dela estava inquieto. Borboletas teimavam em dançar salsa em seu estômago.

E a noite veio.

E lá se foi ela. Linda. Feliz. Otimista.

Pegou mesa. Se ajeitou na cadeira. Conferiu o hálito.

Dez minutos depois, olhou o celular.

Ainda nada dele.

Até que ela sacou.

Ele não compareceria.

Apesar da confirmação no meio da semana, ele furou.

Furou sem mandar mensagem pedindo desculpa pela desistência.

Furou e deixou o telefone desligado.

Assim. Desse jeito.

Por favor, alguém me diz que mundo é esse? Que jeito é esse de (des)tratar as pessoas? Como alguém pode ser tão cruel, malvado e desrespeitoso? Como alguém simplesmente destrói a esperança, os sonhos e o amor próprio de alguém?

E depois esse tipo de homem não entende porque as mulheres andam tão feridas, fechadas, traumatizadas.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Armadilhas da vida

Encontrar um cara legal é difícil.

Às vezes, encontrar qualquer cara (mesmo os não legais) é difícil.

O Noé sabe do que eu estou falando.

Ele enfrentou a mesma dificuldade para encontrar uma menina legal.

Né, Noé?

(Do blog Um Sábado Qualquer)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Por cantadas de respeito

Cantada é legal e pode até render boas risadas.

Pode ser um jeito de quebrar o gelo e começar o papo.

O melhor é que seja uma cantada boa, mas mesmo aquela mais ou menos é capaz de dar uma mãozinha.

Eu sei. Nós mulheres andamos muito compreensíveis.

Por isso, um conselho. Não mande uma cantada a não ser que tenha certeza absoluta de que ela não é ultrajante.

Veja bem. Nem estou sugerindo que a cantada seja boa.

Mas, por favor, livrem-nos de qualquer frase feita maldita.

Pior do que cantada ruim é ouvir a mesma cantada ruim três vezes. Do mesmo cara. Que não se lembra que já usou a mesma cantada ruim repetidas vezes com VOCÊ nos últimos seis meses.

Sim. Fui premiada pela loteria das cantadas lixo.

Para piorar, o cara sequer se lembra de ter me cantado antes (o que me preocupa. Muito. Primeiro, porque é a segunda vez que um cara não se lembra de já ter dado em cima de mim. Segundo, porque não que eu queira ser uma mulher inesquecível, mas também não quero cair na vala de "nada memorável").

Enfim.

Lá vem ele falar comigo.

Parece uma metralhadora com defeito.

"Nossa, que cor de cabelo é essa? Aposto que foi escolhida a dedo por Deus! E essa pele alva? Por acaso você é nórdica? E esses dentes brancos? Como podem ser tão brancos? Seu pai por acaso é dentista? Caramba, seu sorriso merece um prêmio! Você é deslumbrante! Estou sem ar! Qual é mesmo seu signo? Uau! Estou apaixonado! Eu sou jornalista frustrado, formado em Direito, escritor de três livros e poeta. Toco violão muito bem, posso te fazer um luau e vou te fazer feliz como ninguém nunca fez."

Caralérrimo!

E isso é só o que lembro.

Foram cinco minutos de bombardeio. Eu não articulei uma palavra. Fiquei só olhando com cara de pânico para a figura, que, ainda por cima, me mantinha em "cativeiro", me segurando com força pelo braço.

Impressionante a sequência de elogios. Impressionante o excesso de elogios artificiais. Impressionante a confiança intocada.

Assim que deu, corri.

Na segunda vez, a mesma coisa. Acho que a língua dele funciona na velocidade cinco do créu. Só pode.

Fugi tão rápido quanto pude.

Da última vez, não acreditei ao vê-lo se aproximar.

Sério. Só pode ser perseguição.

O que mais esse demônio da Tasmânia tem para me dizer?

E rapidamente me arrependi de ter feito mentalmente essa pergunta.

Além do discurso básico, decorado, e da memória de alface, ele soltou: "Você é caverna do dragão, deusa grega, musa do RPG".

Cuma????????

Deusa grega tudo bem. Forçado, mas é um elogio.

Agora, o que ele quis dizer com "caverna do dragão"????

Putis qui parilis!

E musa do RPG? Gente, algum viciado no jogo peloamordeDeus me explica o que poderia ser isso?

A cantada dele é tão cansativa que me esgota em questão de segundos.

E essa última foi, definitivamente, a pior de todas.

Sofri como nunca. Corri como sempre.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Agradeça por ele não ligar

O mundo realmente não é mais o mesmo. E por mais que eu tenha visto muita coisa chocante, de cair o queixo, ainda assim ele não para de me surpreender.

Dia desses a Tati me deu (mais) uma notícia difícil de engolir.

Ela ouviu de dois amigos que a mulher deveria comemorar quando o cara não liga. Quê?

Achei que não tivesse ouvido direito. Mas a Tati fez questão de repetir. Para agravar minha depressão.

Segundo eles, deveríamos comemorar quando o cara não liga porque isso significa que você é uma mulher incrível. Tão incrível que ele morre de medo de ligar. Vai que ele faz (fala) besteira? Vai que não corresponde à expectativa?

O telefone que vai tocar é, por exemplo, o da mulher baixo astral, amoral e sem outros atrativos que não o físico. Porque, com esse tipo de mulher, eles sabem lidar. Mas se você é boa gente, bem sucedida, inteligente, adeus. Quem mandou caprichar tanto?

Essa notícia me acertou em cheio. Bem no coração, que deu duas estremecidas antes de se reerguer e voltar a bater no ritmo normal (por pura questão de sobrevivência).

Se isso for mesmo verdade, estou perdida.

E mesmo que nem todo homem seja assim, dói saber que a “regra” vale para alguns (muitos?). Isso já é, em parte, uma derrota.

Uma derrota para as mulheres que são verdadeiras heroínas e dão conta do trabalho, da casa, dos amigos e da academia, diariamente, sem perder a ternura.

Uma derrota para vocês, homens, que preferem ser felizes pela metade com medo de sonhar alto. Que se recusam a crescer, se reinventar e a apostar em que tem valor de verdade.

Uma derrota para o mundo, porque haverá menos amor verdadeiro e mais amor de fachada.

Por isso, fica o meu apelo. Se aí dentro ainda bate um coração, pense bem. Liga pra ela. Você só tem a ganhar.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O dia deles

Sou conhecida por ser azeda. Pelo menos aqui no blog. Tudo bem. Eu entendo. Quem não me conhece pessoalmente, só pode “apreciar” mesmo meu lado mais ousado, digamos. E, aí, não é qualquer um que aguenta o tranco.

Quando falo de relacionamentos e de baladas, peso a mão. Faz parte do estilo do blog. Faz parte do meu momento “graças a Deus não preciso escrever mais um texto político”. E, confesso, morro de rir só de imaginar os homens lendo minhas crônicas. Olhos arregalados, coração acelerado, cabelos em pé. Tudo por conta de algumas palavras ardidas.

A única parte ruim é que, por conta do texto, logo imaginam uma solteirona encalhada, amarga e mal amada. Imagina. Nós mulheres já mostramos que somos muito mais do que isso. É possível ter uma opinião diferente, levemente exagerada, algo engraçada e ainda sim ser um partidão (não que eu me considere um partidão. Mas também não sou essa temeridade caquética que pintam por aí).

De qualquer forma, o assunto do texto de hoje são vocês, meninos. Eu, que sempre dou um jeito de avacalhar o sexo oposto, hoje me rendo a tudo o que vocês têm de bom. Mas só porque é Dia Nacional do Homem. Amanhã volto ao normal.

As coisas que eles têm que nos fazem bem

Pouca coisa supera o olhar de vocês, logo cedo, ainda na cama. Aquele olhar apaixonado, acompanhado de um sorriso discreto, de canto de boca, meio que dizendo, um tanto sem graça, o quanto somos especiais. Olhar que parece bobo, mas, para nós, é repleto de significados. Afinal, apesar de descabeladas, de cara limpa e com bafo matinal, somos dignas de amor genuíno. Ponto pra vocês.

Faltam palavras para descrever a delicadeza e a intensidade de um abraço quando tudo parece ir mal. Aquele corpo pesado, meio desengonçado, de repente se encaixa no nosso quase como quebra-cabeça e o que parecia tempestade vira chuva rápida de verão. Ponto pra vocês.

E o que dizer dos gestos inesperados de carinho? Um presente fora de data, uma flor para alegrar o dia, um post it improvisado, um ‘eu te amo’ por telefone, dito na frente dos colegas do escritório. Simples, mas especial. Ponto pra vocês.

Abrir a porta do carro. Trocar a lâmpada. Carregar as compras. Ceder o casaco. Brigar com aquele vendedor que te tratou mal. Coisas que, vindas de vocês, ganham um brilho particular. Mais pontos.

Melhor ainda é a objetividade masculina. O foco naquilo que importa.

E a capacidade de manter amizades muitas vezes mais sólidas do que as nossas? Raramente brigam por mulher. São parceiros até na guerra. Fogem de fofocas e aprendem que xingar o outro é sinal de brodagem.

Como esquecer o fogo de vocês? Uma chama (quase) sempre quente, que nos faz sentir dignas de capa de revista.

Só vocês entendem nossas manhas e aturam nosso mau humor – ainda que de mau humor vocês também. Só vocês atendem nossos caprichos. E, quando erram a mão, vão lá e fazem de novo, do nosso jeitinho.

As mulheres são melhores graças a vocês, bons homens. Feliz dia. E lembrem-se: está em vocês o poder de fazer uma mulher (muito) feliz.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Desmiolados

Não é à toa que eu sempre digo que não dá para levar homem a sério. Ainda que eles gastem horas e mais horas de lábia levantando sua autoestima (com fins claríssimos, diga-se de passagem), posso garantir que é perda de tempo levar tanta lorota a sério. Você, óbvio, pode entrar no jogo dele e simplesmente fingir que acredita, afinal está mesmo a fim de dar uns beijos (ou algo mais) – mas isso não muda o fato de que todo aquele papo foi mesmo furado.

Até porque, vamos combinar, tudo o que eles dizem faz parte de uma lista de elogios que vem gravada no DNA masculino e é aprendida, absorvida e plenamente incorporada já na mais tenra infância. Mais tarde, ela é colocada em prática para pegar mulheres indiscriminadamente – o tanto de elogios varia conforme o interesse. Se eles quiserem muito, muito, muito transar com você, prepare-se para ser comparada à Grazi Massafera.

Ter o ouvido alugado durante toda uma noite até vai. Aprendemos a nos acostumar com isso – e até a nos divertir com tanta baboseira. O problema é quando o cara esquece que já deu mole para você e vem, pela segunda vez, tentar amolecer seu coração. É o fim da picada! Como assim o cara não se lembra da sua existência?

Não que você se ache assim tão marcante, mas o cara apela. Em um fim de semana, você é a mulher mais linda que ele já viu na vida. No sábado seguinte, ele dá em cima da sua amiga e você ali, na roda. Ele te olha, sorri (quer ganhar a simpatia das amigas, ué!) e em momento algum faz cara de constrangido!

Eu nunca acreditei que isso fosse apenas resultado da falta de miolos. Ninguém pode ser assim tão lesado. Mas, de uns tempos para cá, desenvolvi uma teoria para explicar esse fenômeno.

Para mim, no fundo, o cara se lembra de que a conheceu. Lembra-se muito bem de que gastou horas tentando conquistá-la – muitas vezes, a troco de nada. E, agora, ele simplesmente quer vingança. Nada pessoal.

É claro que não se trata daquela vingança barraqueira, cheia de alarde, porque aí ficaria mal para ele. Imagina só o cara tirando satisfação com você, na frente de todo mundo? Já parou para pensar nos comentários maldosos, principalmente dos machos-alfa?

Por isso é que eles apostam em um tipo distinto de vingança. É o “barraco” indiferente! O negócio é fazer você se sentir mal, nada especial, deixando bem claro que aquela cantada foi só por esporte – e que a coisa foi tão insignificante que ele nem se lembra mais de você. E, convenhamos, não há mulher mais fácil de ganhar do que aquela desdenhada, com baixa autoestima.

Ferida, indignada, você parte pra cima: “Como assim você não se lembra de mim?”. E aí, querida, perdeu, playgirl.

É por isso que digo: não dá para levar homem a sério!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Encontro às avessas

Foram duas semanas de insistência. Duas semanas tentando marcar um encontro. Finalmente, cedi. Afinal, vai que, né? Como acredito que vale a pena ceder quando a pessoa é decidida, quando mostra que sabe o que quer, topei o jantar. Não tinha um milhão de expectativas, mas esperava passar uma noite agradável.

Conhecemo-nos durante uma dança, em uma noite sertaneja, em uma boate cheia e animada. O início, ainda que sem beijos ou intimidade, foi legal. Despretensioso. Agora era a vez de ficar cara a cara em um ambiente totalmente diferente: claro, silencioso e sem álcool para “disfarçar” as imperfeições típicas dos encontros à noite.

O problema é que ele foi longe demais na escolha do lugar. Convidou-me não só para ir ao restaurante dele, algo já tenso, mas pior: um local que serve uma comida que eu amo – e que conheço bem. Saí de casa com a sensação de que ia passar a noite sendo testada!

Como previsto, a noite foi tensa. A cada prato pedido, ele me olhava profundamente em busca de frases positivas e afirmativas sobre a excelência do que havia sido servido, na expectativa de que eu referendasse sua decisão de apostar tanto dinheiro (suado) naquele restaurante, naquele tipo de comida.

Pior é que sou uma mentirosa de araque. Dava para ver na minha cara que não estava extasiada. Embora a comida não estivesse ruim, ficou longe de receber uma nota 10, de tomar o lugar da minha atual favorita. Mas, bem, tive que mentir e foi muito sofrido – ele, obviamente, percebeu que não morri de amores pelos pratos, o que só piorou a situação.

Tão constrangedor quanto ser avaliada ao provar cada prato foi ter que “dividir” o encontro com o irmão dele, também dono do restaurante. Ele ficava parado, bem do lado da nossa mesa, umas horas falando com o meu “par” sobre coisas deles, da família, como que ignorando minha presença, em outras, metia-se no nosso papo e ficava tentando me sacar, curioso para ver se eu ia liberar um beijo ou algo assim.

Não bastasse todo o constrangimento (fui até intimada a ir ao banheiro feminino, ainda que sem vontade, só para dizer a ele o que achava da decoração, segundo ele, alvo de elogios e suspiros por parte de todas as mulheres que um dia visitaram o local), rolou aquele momento desconfortável com a chegada da conta.

Olha, nada contra dividir os gastos, afinal, hoje, as mulheres, via de regra, têm emprego e grana, mas acho que pelo menos na primeira vez, no primeiro encontro, o cara deveria pagar. Não foi ele quem a convidou? Não foi ele quem insistiu horrores para sair contigo? Não foi ele quem queria que você fosse ao restaurante DELE, comer a comida que garante o sustento DELE? E você ainda precisa dividir a conta?

E o cara ainda ficou revoltado porque saiu de lá sem beijo.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Garota ecobag

Competitivo não é o termo mais adequado para descrever o mundo como ele é hoje. Diria que avassalador combina melhor.

Sabe quando você acha que as coisas vão começar a se tornar mais simples, fáceis, naturais até, e nada disso acontece? Pelo contrário. Parece que, mesmo com toda a maturidade e jogo de cintura que você adquire, ainda assim a vida anda de pá virada pro seu lado. É jogo duro!

Tem sido assim no trabalho, na luta diária pelo emagrecimento e, como não, no mundo da paquera.

Pegue o exemplo da arte da azaração.

Você, desde cedo, é levada a acreditar que os bons partidos se dão bem na vida – e nunca terminam sozinhos. Então, você estuda, pratica esportes, aprende um idioma, cuida do look, desenvolve habilidades de conversação, trabalha seu lado delicado, dedica tempo aos demais e aprende até a cozinhar. De repente, nada disso importa.

Hoje, o que vale é ter bundão e peitão – e andar praticamente nua, do alto de um saltão 15 cm. Se você for mulher, claro.

E aí quem não tem nenhum desses “predicados” (bota aspas nisso!) precisa aprender tudo do zero! Afinal, suas armas não vão mais ganhar esta batalha.

Você, então, é ensinada a desdenhar – e não mostrar interesse, como seria de se imaginar – a pessoa que te interessa. Afinal, como o mundo está abarrotado de mulher solteira, o que não falta é oferta. E, como você não tem bundão e peitão, precisa chamar atenção por outra coisa. E nada mais escandalosamente chamativo do que uma mulher que foge de relacionamentos e que tem ânsia de vômito só de ouvir a palavra casamento.

Com isso, nasce uma nova geração de mulheres: a mulher ecobag. É aquela que aprende a se reciclar, levando em consideração as novas necessidades/demandas do novo mundo. É aquela se sabe se readaptar ao mercado, sem ter que jogar no lixo os anos de aprendizado old fashion. Cara nova, vida nova.

Como só sobrevive quem se recicla/atualiza, agora é hora de ser fria com os homens e agir como eles para garantir um namorado.

Já viu como homem fica doidinho atrás de mulher que só dá patada? Como eles adoram as más e grosseiras? Como eles curtem o desafio da conquista, principalmente quando são pisoteados em praça pública?

Minha amiga é pioneira. Sacou isso há mais tempo do que eu e tem já dois ex-canalhas na cola dela, loucos para virarem namoradinho e dormirem de conchinha.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dando um tempo

Eu sempre amei a noite. Desde que me entendo por gente, ela sempre foi minha preferida.

É claro, não posso negar que a manhã tem lá seu charme. Adoro vê-la despertar, cheia de possibilidades, surpresas, convites, mas com ela sempre estou no auge do meu mau humor. E foi assim desde pequena.

E a tarde? Ah, a tarde é maneira. Ela não desperta nem um pouco do mau humor que a manhã desperta em mim e, de verdade, sinto que ela tem mesmo muito a oferecer. O problema são as cobranças. A tarde quer algo em troca: resultados, eficiência, metas cumpridas, disposição. E eu não estou pronta para isso.

Como explicar, então, explicar o meu lance com a noite?

É que só a noite permite a todos os gatos serem pardos. A noite não dita regras, limites, recomendações, não acredita em certo e errado. A noite curte todos. A noite nos permite estar relaxados, deixar de lado nossas máscaras, dá espaço para que aquele quê de menino(a)/palhaço(a) volte à tona. Ela é única.

O problema é que eu e a noite nos desentendemos. Ela mudou. Deixou de ser divertida. Deixou de ser livre, sem regras e sem limites. Deixou de ser eclética, mente aberta, topa-tudo. Às vezes, tenho a sensação de que a noite foi aceita no Big Brother, pois agora ela só anda com pessoas achatadas, saídas de uma fábrica de biscoitos, envoltos em uma mesma embalagem, desempenhando os mesmos papeis.

A noite era relaxada e virou uma neurótica. Transformou-se em uma patricinha mimada, fútil. Passou a me sugar tanto, tanto, que conseguiu provocar em mim um efeito que só a manhã costumava ter: arrancou lágrimas minhas. Foi por isso que nós demos um tempo.

E então eu comecei a passar mais horas do meu dia com outro: o forno. Não exatamente uma figurinha nova na minha vida, mas, ainda assim, durante muito tempo, nossa relação era apenas de coleguismo.

De repente, não nos desgrudamos mais. Assim que me livrava do trabalho, eu só queria estar com ele. Nada mais me interessava. Fizemos várias coisas juntas, todas muito maneiras. Divertimos-nos com nossos erros, com minhas trapalhadas de principiante e, inevitavelmente, nosso relacionamento foi mudando de status. Chegamos a um momento sério, bom, íntimo. Nem dá para imaginar que um dia fomos apenas colegas.

O problema é que, justo agora, quando tudo parecia tão bem e eu via nossa relação decolar, a coisa mudou de figura. Começou a desandar. Nosso lance deixou de ser simples, fácil. Os frutos da nossa interação, antes altamente positivos, passaram a ser duvidosos; em alguns casos, trágicos. Não sei o que houve, mas algo abalou nossa sintonia. A parceria perfeita rompeu-se. Rachou. E as marcas não nos deixam mais esquecer a má fase e retomar os momentos de glória.

Hoje, eu e o forno resolvemos dar um tempo.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Não dá mais pra mim

Tudo bem que hoje em dia os 30 são os novos 20. Tudo bem que estamos mais em forma, mais dispostas e até com mais grana pra gastar do que as mulheres da geração anterior (ainda que me pareça, sinceramente, que elas tinham muito mais pique do que nós: aquele tanto de filhos, o marido preguiçoso, uma casa fonte de pepinos... e sempre dispostas!). Tudo bem que não há mais limite de idade pra sair por aí bebendo uns drinques, chacoalhando o quadril e, quem sabe, beijando alguma(s) boca(s).

Mas chega a hora que você, minha querida, não serve mais para a balada. E essa hora vem sem avisar (com os homens é diferente; eles nunca sabem quando parar – e não é por falta de informação ou dica). Não se trata de atingir uma idade específica. Afinal, as mulheres já provaram que hoje são elas que ditam suas próprias regras. Quer dizer, até o dia em que a natureza se impõe, o momento temido surge (do nada e com tudo) e exaure toda e qualquer força baladística que existe no seu corpo! Você simplesmente fica atrofiada, definha.

Passei por isso na última semana. Após meses praticamente criando raízes em casa, fui intimada a sair. Já achava que não ia dar certo; sentia que meu momento noitada tinha morrido, mas topei. O problema é que, chegando ao local, eu e minha “intimadora” nos demos conta de que nossa hora chegou. Pra valer.

Então, aqui vão dicas para você que sente que seu momento também chegou.

Tenha certeza de que sua fase balada passou quando:
1. Você é a única de vestido longo e florido, rasteirinha, roupas soltas ou corpo praticamente coberto na noite. Mulher em sintonia com a balada só vai de roupa curta, apertada, em tons neon ou com brilho, saltão e decote, muito decote;
2. Você não aguenta sair sem casaco e, quando o faz, sente frio, muuuuuuuuuuito frio (tanto que só pensa em fugir correndo da fila e cair na cama quentinha!). Mulheres talhadas para a noite não sentem frio nunca;
3. Você mal entra no local e já reclama da música alta. Esse negócio de “tá fazendo muito barulho e “não tô te ouvindo direito” é coisa de gente velha. Gente preparada gosta de lascar o tímpano;
4. Você reclama do excesso de pessoas. Quer coisa mais gagá do que isso? Neguinho baladeiro AMA lotação! Mais biscoito no pacote para poder escolher! E você aí se queixando;
5. Você fica contando os minutos para ir embora e embarcar naquele sono bom, longo, profundo! Noiteiro que se preze não arrasta o pé da farra antes das 5h!;
6. Você para de beber com medo da Lei Seca. Imagina ficar sem carteira? Mas quem é profissional do ramo está sempre com um copo de álcool na mão! E de olho no Waze pra driblar a fiscalização, claro!

Viu? Às vezes, é preciso admitir a derrota e se dedicar àquilo que se faz bem: comer e dormir.