Pesquisar este blog

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Encontro às avessas

Foram duas semanas de insistência. Duas semanas tentando marcar um encontro. Finalmente, cedi. Afinal, vai que, né? Como acredito que vale a pena ceder quando a pessoa é decidida, quando mostra que sabe o que quer, topei o jantar. Não tinha um milhão de expectativas, mas esperava passar uma noite agradável.

Conhecemo-nos durante uma dança, em uma noite sertaneja, em uma boate cheia e animada. O início, ainda que sem beijos ou intimidade, foi legal. Despretensioso. Agora era a vez de ficar cara a cara em um ambiente totalmente diferente: claro, silencioso e sem álcool para “disfarçar” as imperfeições típicas dos encontros à noite.

O problema é que ele foi longe demais na escolha do lugar. Convidou-me não só para ir ao restaurante dele, algo já tenso, mas pior: um local que serve uma comida que eu amo – e que conheço bem. Saí de casa com a sensação de que ia passar a noite sendo testada!

Como previsto, a noite foi tensa. A cada prato pedido, ele me olhava profundamente em busca de frases positivas e afirmativas sobre a excelência do que havia sido servido, na expectativa de que eu referendasse sua decisão de apostar tanto dinheiro (suado) naquele restaurante, naquele tipo de comida.

Pior é que sou uma mentirosa de araque. Dava para ver na minha cara que não estava extasiada. Embora a comida não estivesse ruim, ficou longe de receber uma nota 10, de tomar o lugar da minha atual favorita. Mas, bem, tive que mentir e foi muito sofrido – ele, obviamente, percebeu que não morri de amores pelos pratos, o que só piorou a situação.

Tão constrangedor quanto ser avaliada ao provar cada prato foi ter que “dividir” o encontro com o irmão dele, também dono do restaurante. Ele ficava parado, bem do lado da nossa mesa, umas horas falando com o meu “par” sobre coisas deles, da família, como que ignorando minha presença, em outras, metia-se no nosso papo e ficava tentando me sacar, curioso para ver se eu ia liberar um beijo ou algo assim.

Não bastasse todo o constrangimento (fui até intimada a ir ao banheiro feminino, ainda que sem vontade, só para dizer a ele o que achava da decoração, segundo ele, alvo de elogios e suspiros por parte de todas as mulheres que um dia visitaram o local), rolou aquele momento desconfortável com a chegada da conta.

Olha, nada contra dividir os gastos, afinal, hoje, as mulheres, via de regra, têm emprego e grana, mas acho que pelo menos na primeira vez, no primeiro encontro, o cara deveria pagar. Não foi ele quem a convidou? Não foi ele quem insistiu horrores para sair contigo? Não foi ele quem queria que você fosse ao restaurante DELE, comer a comida que garante o sustento DELE? E você ainda precisa dividir a conta?

E o cara ainda ficou revoltado porque saiu de lá sem beijo.

12 comentários:

Roberto disse...

#fail
O romantismo anda em baixa mesmo, hein? Até eu, que tenho fama de (já ter sido) meio troglo, achei de uma faaaalta de traquejo social. Mostrar as "posses", apresentar família, pedir sinais desesperados de aprovação?
Ah, os sinais...

Unknown disse...

Sandra Annemberg, se assistisse a essa cena, diria: "Que deselegante!".

Marcela disse...

Nossa, Mari! Me deu agonia só de ler... Mas é se arriscando que uma hora dá certo, né?! Boa sorte na próxima, amiga!

Ana Cristina disse...

É por essas e outras que eu ando tão sem paciência de tentar qualquer coisa... ai que preguiça.....

Anônimo disse...

Dá preguição mesmo... Mari, difícil o cara errar mais. Família é só depois de um tempo, a não ser que seja algo espontâneo. Mas o pior foi dividir a conta. Caraca, que mané. Um beijo seria prêmio ao pieguismo e à burrice dele. Quanto a tentar, duas semanas de insistência já me apontam que o cara não tem desconfiômetro. Vc merece coisa melhor. Muito melhor. Beijão!

Claudia Souzec disse...

Nossa, esse sujeito aparentou ser um idiota interessado em uma consultoria gastronômica. Manda essa oferenda voltar para o mar, você merece algo muito melhor, bjo

Sheyla disse...

J-E-S-U-S!!! Sem noção demais!!!!

anonimo disse...

Ninguem merece!

Nira Foster disse...

Pediu para ser muquirana e entrou na fila duas vezes....ufa!!!!

Lola Bovary disse...

Nossa, Mari, que sujeito sem graça esse... Romantismo em baixa e egocentrismo em alta. Preguiça total.
Beijos, amiga.
Carol Lima

Vênus disse...

Ótimo texto, amiga! Só não dá para dizer o mesmo do encontro...

Anônimo disse...

Se continuar assim quem sabe no próximo século você ache seu príncipe encantado. Acho que o sujeito estava certo em fazer o que fez, mulher que se faz de difícil merece isso.

Postar um comentário