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terça-feira, 3 de abril de 2012

No more lies

O Xico Sá diz que a mentira favorita dele é o orgasmo fingido, “porque o fingimento do gozo também pode ser uma prova de amor”. Também se diz “sempre a favor das que fingem com decência. Melhor que fingir a velha dor de cabeça. Contra a verossimilhança exagerada dos orgasmos com caras & bocas”. E pede, quase implora: “minta pra mim se for mulher! Aos diabos com estas tais mulheres sinceras”.

Devo admitir que concordo, em parte, com o Xico. Realmente é melhor alguém que finge com modos do que quem abusa dos gritos escandalosos e dos urros animalescos (#medo). Mas a verdade é que não há razão para fingimento.

Primeiro, porque nem toda relação sexual tem que terminar em orgasmo. Pelo menos, para a mulher. O orgasmo não é indicativo de sexo bom. O rala bem feito, mas sem um fim bombástico, pode ser muito melhor do que um sexo mais ou menos que termina com uma explosão. Não me entenda mal. Chegar lá é maravilhoso, mas não é tudo.

Segundo, porque já passou da época de fingirmos qualquer coisa em um relacionamento só para fazer o parceiro feliz. Por que não ser sincera? Os homens não aguentariam a verdade? Terapia existe para isso.

Se ele quer que você goze a todo custo, mesmo que seja só para provar que o membro dele é de ouro, ele merece saber que não conseguiu, que falhou. Merece saber que não conhece seu corpo tão bem assim. Merece saber que nem sempre sabe como enlouquecer uma mulher. Merece saber que cada uma de nós é diferente e é preciso tempo e paciência para desvendar nossos mais íntimos desejos. Merece saber que para muitas mulheres sexo bom tem que ter sentimento, envolvimento. Ou simplesmente merece ser lembrado de que nem sempre se goza, mesmo com ótimo sexo.

E é aí que quero chegar. São inúmeros os depoimentos femininos sobre o mau desempenho dos homens na cama (eles leem na internet sobre truques horrendos e saem por aí reproduzindo as acrobacias com todas que encontram pela frente, como se o que “aprenderam” funcionasse ou como se o sexo fosse matemático e todas gostássemos do mesmo). E parte da culpa é dessas pequenas mentiras que contamos ao longo da vida. Se, desde o início, a mulher se impusesse e dissesse “gosto disso, não gosto daquilo” – exatamente o que ELES fazem desde sempre, normalmente de forma tosca, é claro, sem se importar com o que vamos achar –, nossos homens seriam outros. Formaríamos uma aplaudida geração de caras bons de cama!

É claro que há exceções, que há representantes do sexo masculino verdadeiramente preocupados com a satisfação feminina (envolvendo ou não um bom orgasmo), mas eles ainda são minoria.

Se desde o início todos eles fossem ensinados a ter cautela na hora H e a ir com a mente aberta para aprender do que gosta cada mulher, todos seríamos mais felizes. Nós, satisfeitas; eles, convencidos – desta vez, com razão.

4 comentários:

Anônimo disse...

Mari,
Concordo que não vale fingir... Mas, vamos combinar? Um super rala é uma delícia, gozar é fantástico!
A DO RO!
Beijocas
Therys

Anônimo disse...

Fingir ou não fingir? Eis a questão. Acho que depende da relação que se quer ter. Pode ser um faz de conta que eu gozei, faz de conta que eu gostei, faz de conta que foi bom... é, no reino do faz de conta, pode até ser. A pergunta é: vale a pena gastar todo esse tempo fingindo o que realmente não sente? Não, claro que não vale.

Então como é que fica? Bem, assim como as mulheres existem para serem amadas e não para serem compreendidas, elas também precisam ser decifradas. E isso, pobres homens mortais, leva tempo. Se uma relação acontece depois de uma balada, onde ambos estão mesmo é querendo “descarregar as energias” e depois dormir, vale qualquer coisa. Mas se a idéia é ir além, ai muda tudo.

Leva muito tempo até que o homem compreenda que o grande prazer masculino consiste em fazer a mulher sentir prazer. De verdade. Plenamente. Isso faz muito bem a alma e a vaidade masculina. Os que os que ainda não descobriram não sabem o que estão perdendo. Para isso, não pode haver pressa. É preciso descobrir, encontrar e finalmente desvendar o segredo de cada uma. É isso mesmo. Cada uma. Pois elas são como as digitais: únicas. O que uma gosta a outra pode detestar.

Às vezes elas dão ao homem dicas maravilhosas. Se algum homem quer uma sugestão, sugiro que no início deixem que elas conduzam o carro, escolha a estrada e a viagem. Acredite nelas e apenas obedeça. Se ela tirou a sua mão de algum lugar do corpo dela, não insista. Ela indicou que não gosta, não quer. Quando ela diz: calma, não está querendo dizer que você está nervoso. Pode significar: faça mais devagar, com tranqüilidade, isso, assim, suavemente. Também quando ela quer mais forte, é mais forte. Mas não vá exagerar e matar a pobre criatura.

O homem não deve se fazer de “expert”. Assim como ela, ele deve dizer também do que gosta e do que não gosta. Enquanto trocam carícias, troquem também idéias. Aos poucos os dois irão se descobrindo, se entendendo, e ai... bem, a partir daí é o imponderável.

No entanto, alguns se sentem inseguros e acham que não sabem transar direito, imaginando que é por isso que elas tomaram a iniciativa. Lá se vai o pobre coitado gastar dinheiro com a psicóloga. Burro. O que ela está mostrando a você, retardado, são os atalhos, o caminho das pedras, como você pode entrar e sair desse labirinto. Você só tem que fazer exatamente o que elas sugerem, e jamais se arrependerá.

As mulheres são, com certeza, as criaturas mais perto de Deus. Não falo isso pra fazer média com elas. Imagina só. A mulher é o único ser no universo capaz de perpetuar a raça humana. Convenhamos: isso não é pouco. A participação masculina é importante, sim. Com certeza. Mas é mínima. È obra de um instante. O resto é com elas. Sentir um ser humano crescendo no ventre é uma experiência perto de um milagre. E como sabemos, milagre é assunto de Deus.

Como quem quer proteger e tornar a mulhar mais especial ainda, Deus deu mais um privilégio a elas. Fingir sentir orgasmo sem que o homem perceba. E essa prerrogativa é apenas feminina. Nós homens não fomos agraciados com essa “divina” característica. Temos que provar, “materialmente” que sentimos prazer. Não temos como fingir. Pra gente é como a morte: não tem meio termo.

Acho também que uma relação sem o gozo é como um filme sem final, um dia sem o pôr do sol, uma piada onde ninguém ri. O gozo é o objetivo final, a meta, a recompensa, a consagração. Daí a importância das preliminares, os carinhos, os beijos na nuca, as línguas descontroladas percorrendo os corpos nus... Tudo é feito e conduzido pra que se chegue ofegante, mas feliz, ao “gran finale”. E depois é só relaxar, respirar profundamente, receber um cafuné, e, se possível, dormir profundamente, nem que seja por alguns instantes. Apenas pra que o corpo assimile o que aconteceu, e finalmente relaxe.

Eu só não concordo com uma coisa. “Chegar lá é maravilhoso, mas não é tudo”. Eu acho que chegar lá é tudo,e é por isso que é maravilhoso.

Anônimo disse...

Aposto que foi o Fragoso que fez o comentário acima.

Roberto disse...

Fui eu não, eu assino meus raros comentários. Mas obrigado, fico lisonjeado porque o texto é legal. Acho até que o autor deveria ter assinado. Só é meio poético demais pra ser meu. Eu tô mais pra "Burro. O que ela está mostrando a você, retardado, são os atalhos" que pra "um filme sem final, um dia sem o pôr do sol, uma piada onde ninguém ri" ou o parágrafo inteiro sobre o milagre da perpetuação da espécie. Acho que o anônimo 2 não me conhece tão bem assim. Rsrsrs.

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