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terça-feira, 13 de março de 2012

Tempo perdido

Acabei de me dar conta de que estou longe de ser a “mulher ideal”. Eu, que tanto estudei, que tanto me preparei, que tanto me disciplinei para ser uma pessoa melhor ao longo dos meus quase 32 anos, acabo de descobrir que nada mais sou do que a antítese da mulher dos sonhos, da mulher desejada, da mulher alfa.

Explico. Lendo uma matéria na Internet, deparei com a seguinte informação: a mulher ideal, segundos os livros de autoajuda, é magra como as francesas, não é nada boazinha e é de Vênus.

Minha primeira reação foi cair na gargalhada. Afinal, essa é a definição dos livros de autoajuda, não a dos homens, meu público alvo. E livros de autoajuda são, em sua maioria, risíveis.

Mas, então, me dei conta de que esses são os livros mais vendidos por aí, são os livros que em tese ajudam as pessoas a encontrar a luz, são eles os responsáveis por salvar casamentos e tirar dezenas de milhares de pessoas da forca todos os dias. E que as pessoas que os escrevem em tese sabem do que falam – ou, pelo menos, enganam muito bem, já que ganham toneladas de dólares ensinando otários a entrar na linha.

Foi aí que a coisa deu pra trás. Se os livros estão no caminho certo, eu estou perdida!

Primeiro, porque não sou “magra como as francesas”. Até porque aquilo ali não é magreza! Aquilo é anorexia congênita! O lance é tão escabroso que não existe em nenhum dicionário definição para tal condição desumana! Desconfio que vivam à base do cigarro e só quando a coisa fica preta é que comem um pedaço de queijo ou, no caso das mais ousadas, um naco de croissant. E eu, minha amiga, estou muito longe disso.

Adoro manteiga, tanto que sou capaz de comer meio tablete por dia – só não como puro porque as pessoas me olham aterrorizadas. Adoro massas, bolos, risotos. Creme de leite é meu parceiro. Nutella é minha vida. Chocolate é meu amante. Os queijos são meu vício. Só daí você já tira. Tudo bem que não sou gorda, mas tenho pneuzinhos cativos que me acompanham desde a Roma Antiga. Um a zero para os livros de autoajuda.

Segundo que, apesar de ariana, sou muito é boazinha. Afinal, sempre achei que isso era uma coisa legal. Ser boazinha sempre pareceu o certo – e como era a coisa certa a fazer, me aperfeiçoei de tal modo nisso que minha vida passou a girar em torno dos outros, não de mim. Confesso que é cansativo e, em alguns casos, me sinto um capacho humano, mas já faz parte do meu ser. E agora veem me dizer que o certo é ser má? O pior é que estou velha demais para mudar de time – mas não dá para negar que acho o máximo aquelas mulheres “más” que sempre conseguem o que querem, dizem não sem cerimônia e deixam todo e qualquer cara de quatro por elas. Dois a zero para os livros de autoajuda.

Por último, desconfio que também não sou de Vênus. Apesar de um desses livros dizer que as mulheres são de Vênus e os homens de Marte, acho que faço parte de um mundo paralelo. É que, segundo o livro, a mulher de Vênus é aquela que “aprende a fortalecer seu homem e a nunca tentar mudá-lo, para que ele possa ser e agir como seu ‘cavaleiro da armadura reluzente’”. PeloamordeDeus! Que mulher não tenta mudar seu homem? Aliás, tenho certeza de que a origem da palavra mulher é: espécie que tem como missão de vida mudar qualquer semelhante do sexo masculino que passar por sua vida! Três a zero para os livros de autoajuda.

Depois dessa triste constatação, só me resta torcer por um rebelde com causa que seja louco por um ET com pneus e cara meiga a la O Gato de Botas.

9 comentários:

Ana Cristina disse...

Mari adorei. To contigo na sua constatação, não chego nem perto das francesas e na verdade nem tenho interesse.
Ass: Parenta

Anônimo disse...

No seu caso, não precisa de nenhuma torcida. Os atributos e qualidades são tão excelentes que dão de 10 a zero em qualquer livro de auto-ajuda.

Ana Celia disse...

Mari, amei...vc escreve muito bem amiga, já pensou em fazer o seu livro de auto ajuda? Vai ser um sucesso. bj

Anônimo disse...

Kkkk... Um dos melhores que já li, Mari, você está afiada! Beijo!

Sheyla disse...

É amiga, eu tb tô lascada pq com certeza, estou longe do q diz esse livro! Ótimo texto!! Bjks

Marcela disse...

Mari, tô com vc!... Que val montarmos a Associação das Mulheres com Pneus e Cara Meiga a la O Gato de Botas? As minorias devem ser protegidas!!...

Mariana Abreu disse...

Ana Célia, acho que se fizer um livro de autoajuda vou destroçar a autoestima das pessoas e vai haver suicídio coletivo! Rs! Marcelinha, tô dentro! :)

Unknown disse...

Adorei!! Mari, seu livro de auto ajuda poderia ter uma visão bem brasileira! A mulher ideal tem que gostar de samba com feijoada, ter atitude (sem precisar ser boazinha ou do mal) e ter o calor de mercúrio, a beleza da terra,....
Um grande beijo amiga!
Therys ;))

Soraia disse...

Uau...me li nestas linhas!!! Nem conheço essa mulher ideal aí... Existe alguma?

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