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quinta-feira, 31 de março de 2011

Lanas personalizadas

As mulheres nunca estão satisfeitas. Nunca. Quem é loira quer ser morena, quem é morena quer ser ruiva, quem é ruiva quer ser calva; quem tem peito, quer tirar, quem não tem, quer pôr; quem tem cabelo liso quer cachos, quem tem ondas quer cabelo esticadinho, esticadinho. Resumindo, nunca estamos satisfeitas. Sempre achamos lindo o que as outras têm e vivemos correndo atrás desse ideal impossível de beleza. Por mais bonitas que sejamos, nada nos satisfaz. Sempre queremos mais. Queremos o novo.

O problema é que essa eterna insatisfação vale até mesmo para as coisas impensáveis, inimagináveis. Por exemplo, a dita cuja. É, é isso mesmo. As mulheres sonham mudar a cara, o formato e o cheiro da querida companheira de cama, a Lana.

Dia desses, no restaurante, o tema dominou um encontro entre amigas. Uma delas soltou: “A minha Lana é toda arregaçada. Ela é grande, abertona, dada. Parece que nasceu para ser devorada. Mesmo! Os lábios parecem mais abas de voo de tão grandes, que ficam se abrindo para o novo. Os pequenos lábios não têm nada de pequenos; são maiores do que orelha de elefante! Imagina os maiores!! Menos mal que meu marido adoraaaaaaaaaaaa! Ah, mas, se eu pudesse, repaginaria a Lana todinha!”

Já outra amiga foi pelo caminho contrário. “A minha Lana é apertadíssima!! Parece que toda vez que rola, é minha primeira vez, over and over. Sabe aquela coisa recatada, pra dentro, intimista? Parece até uma filósofa de plantão, minha Platona, Aristótelas. Pois é. Tem horas que nem eu a encontro. Perco os lábios de vista. Impressionante! Não sei se eu trocaria... talvez alargaria um pouco, para não me sentir tão virgem todas as vezes. Essa história de virgem, hoje em dia, é até meio decadente, ainda mais para uma quase balzaca como eu. Odeio parecer virgem. Quero mostrar que sou experiente!”

Como se não bastassem esses comentários, a conversa descambou para os modelitos de bigode. “A Playboy lançou a Cléo Pires na revista e todo mundo ficou falando do tal bigodinho de Hitler da Lana dela. Fala sério! O bigodinho de Hitler existe há décadas. É megacomum, povoa a maior parte das Lanas de plantão. Até parece que ela lançou moda!”

“Ah, eu cansei do bigodinho de Hitler. Prefiro uma coisa mais natural, mais cheia, mais floresta Amazônica, com um pouco menos de árvores e de mata, claro. Também não dá para passar por Cláudia Ohana. Pegaria mal. Mas até que curto aquele lance preenchedor, meio confortável, meio ‘bem-vindo ao lar, honey’. Só detesto quando o cara está lá embaixo, mandando ver e de repente me olha (e eu estou olhando pra ele). Ele fica com aquele bigodão selvagem, pubiano e crespo bem na cara dele. Eca! Como se aquilo desse tesão em alguém...”

“Eu, há algum tempo, confesso que voltei às origens. Resolvi relançar a Lana, que já estava meio gasta, meio batida. Tirei tudo. Não ficou um pelinho sequer. Nada, menina. E é tão bonitinho! Lana está com um ar juvenil, repaginada, fresquinha, meio bebê Johnson & Johnson. Ah, e os homens se amarram. Sentem-se desvirginadores de plantão. Acho até que o sexo melhorou. Talvez, por isso, pelo fato deles se animarem em se mostrar para a garotinha pudica, pura, ingênua. Nunca imaginei, mas sou tão feliz com a Lana careca!”

É, senhores. A imaginação feminina é assim de fértil. Um dia desses, juro, vamos querer trocar a Lana pelo Dênis, só para ver de qual é...

By Mari Abreu

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que classe....

Elder disse...

É engraçado e interessante ver como as mulheres discutem essas minúcias!
Raramente vocês irão ver homens discutindo o formato, ou o corte de cabelo do dito cujo.
Mas seja como for a preciosa de vocês, nós adoramos qualquer que for o modelo!

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