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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Come quieto

Vocês estão juntos há meses. Começaram ficando uma vez a cada quinze dias. Rapidamente, a coisa evoluiu e passaram a se ver todas as semanas. Pouco depois, a frequência deu um salto: três a quatro vezes por semana ele dava um jeito de te encontrar. Tudo bem que, apesar disso, a relação ainda estava indefinida. Quer dizer, ela estava superdefinida: aquilo não passava de um rolo. Obviamente, você tinha esperança de deixar de ser uma reles peguete e por isso deu início ao projeto “chega de bagunça! Quero um namorado”. Só que entrava semana, saía semana, e as coisas continuavam exatamente iguais. Para piorar, os encontros eram sempre na sua casa, bem longe de possíveis testemunhas (sim, é fundamental que as pessoas os vejam juntos, assim não fica parecendo que você é uma alucinada quando conta que estão ficando há meses).

Um dia, boladérrima, você decide convocar o Concílio de Trento para Assuntos de Pegação. Reúne as duas melhores amigas e começa a especular sobre o significado de tudo aquilo. É claro que, dada a situação, para bom entendedor, meia palavra bastaria. Mas desde quando uma mulher, ainda por cima apaixonada, é boa entendedora? Essa possibilidade está mais distante que Marte.

Enfim, elas te perguntam tudo: “Vocês conversam ou é só sexo?”, “Ele te dá carinho depois do rala e rola ou simplesmente vira para o lado?”, “Ele já se declarou? Pelo menos um TE ADORO?”, “Já comentou sobre a família dele ou fez algum plano mínimo, como cinema no fim de semana?”. Como algumas respostas eram positivas e outras negativas, o Concílio não chegou a um consenso. Acha o quê? Que só porque há várias mulheres reunidas, discutindo a relação, que elas vão se comportar de forma sensata e abrir o jogo sobre a fria em que a amiga se meteu? Nada disso! O lema é enganação até o fim das eras!!

Até que um dia, finalmente, o sujeito a convida para jantar fora. O coração dela quase salta pela boca e a primeira vontade é ligar para as amigas e dizer que o caso foi encerrado: “Ufa, ele não está me escondendoooooooooooooooooooooo”!! Animada, gasta duas horas se arrumando e se prepara para ser vista de mãos dadas com o gato. Enquanto se troca, nomes de restaurantes vips e phynos surgem em sua cabeça e ela se imagina vivendo o melhor dos sonhos: encontrar um amigo dele e ser apresentada como sua NA-MO-RA-DA! Demais!

Só que quando chegam ao local, rola o primeiro baque. “Que coisa mais feia, suja. Hum... vai ver que só passaremos por ele e que vamos mesmo ao restô podre de chique, phynérrimo, do outro lado da rua”. Que nada. Ele entra no restaurante fuba. Ainda assim, você continua otimista. “Vai ver há uma área vip, romântica e phyna, reservada para nós”. Bom, não exatamente. Vocês se sentam em uma mesa comum, gasta e recebem um olhar surrado e pigarreado do velhote da mesa ao lado.

Decidida a manter o otimismo, você se conforma com o local e pensa: “Pelo menos, saímos de casa. Ele não está me escondendo. FATO”. Só que aí você se lembra daquele episódio de Sex and City, quando o Big finalmente leva a Carrie para jantar fora e eles acabam indo a um restaurante chinês tosco (coincidência ou não, você também foi parar em um chinês. Ah, ele também é tosco). Lá, ela encontra um grande amigo que está jantando com uma paquera e que escolheu o lugar exatamente porque aquele é o bunker oficial dos escondedores de paqueras fedorentas e não apresentáveis! No mesmo minuto, Carrie entra em pânico por estar sendo escondida pelo Big. Pois é. É nisso que você pensa naquele exato momento.

Uma lágrima escorre. Você disfarça a tristeza. Arrepende-se de ter comemorado antes da hora. Não há amigos nem ninguém remotamente conhecido por lá. A comida desce mal. Você começa a ficar com refluxo. Não trocam nenhuma palavra no restaurante há 15 minutos. Sobremesa? Impossível! Com o climão instalado, ele decide pedir a conta. No caminho, silêncio sepulcral. Em casa, o sexo não rende. Você está prestes a chutar o pau da barraca quando ele, inocentemente, solta: “Aquele não é o melhor chinês do mundo? É o meu favorito! Por isso quis te levar lá, A-M-O-RRRRR!”

Quê? Favorito? AMOR? Obaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

By Mari Abreu

4 comentários:

Dry disse...

se contentar com pouco... já fiz mto isso...
hj, tô fora de migalhas! hahahahaha

Marcela disse...

Nós, mulheres, sempre nos esforçando para não enxergar... Adorei o final!

Sheyla disse...

Adoro finais felizes!kkkkkkk bjks

Zethi disse...

Mas o China é, mesmo, o melhor da cidade! hahaha! Beijos, meu amor. Te amo.

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