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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dando um tempo

Eu sempre amei a noite. Desde que me entendo por gente, ela sempre foi minha preferida.

É claro, não posso negar que a manhã tem lá seu charme. Adoro vê-la despertar, cheia de possibilidades, surpresas, convites, mas com ela sempre estou no auge do meu mau humor. E foi assim desde pequena.

E a tarde? Ah, a tarde é maneira. Ela não desperta nem um pouco do mau humor que a manhã desperta em mim e, de verdade, sinto que ela tem mesmo muito a oferecer. O problema são as cobranças. A tarde quer algo em troca: resultados, eficiência, metas cumpridas, disposição. E eu não estou pronta para isso.

Como explicar, então, explicar o meu lance com a noite?

É que só a noite permite a todos os gatos serem pardos. A noite não dita regras, limites, recomendações, não acredita em certo e errado. A noite curte todos. A noite nos permite estar relaxados, deixar de lado nossas máscaras, dá espaço para que aquele quê de menino(a)/palhaço(a) volte à tona. Ela é única.

O problema é que eu e a noite nos desentendemos. Ela mudou. Deixou de ser divertida. Deixou de ser livre, sem regras e sem limites. Deixou de ser eclética, mente aberta, topa-tudo. Às vezes, tenho a sensação de que a noite foi aceita no Big Brother, pois agora ela só anda com pessoas achatadas, saídas de uma fábrica de biscoitos, envoltos em uma mesma embalagem, desempenhando os mesmos papeis.

A noite era relaxada e virou uma neurótica. Transformou-se em uma patricinha mimada, fútil. Passou a me sugar tanto, tanto, que conseguiu provocar em mim um efeito que só a manhã costumava ter: arrancou lágrimas minhas. Foi por isso que nós demos um tempo.

E então eu comecei a passar mais horas do meu dia com outro: o forno. Não exatamente uma figurinha nova na minha vida, mas, ainda assim, durante muito tempo, nossa relação era apenas de coleguismo.

De repente, não nos desgrudamos mais. Assim que me livrava do trabalho, eu só queria estar com ele. Nada mais me interessava. Fizemos várias coisas juntas, todas muito maneiras. Divertimos-nos com nossos erros, com minhas trapalhadas de principiante e, inevitavelmente, nosso relacionamento foi mudando de status. Chegamos a um momento sério, bom, íntimo. Nem dá para imaginar que um dia fomos apenas colegas.

O problema é que, justo agora, quando tudo parecia tão bem e eu via nossa relação decolar, a coisa mudou de figura. Começou a desandar. Nosso lance deixou de ser simples, fácil. Os frutos da nossa interação, antes altamente positivos, passaram a ser duvidosos; em alguns casos, trágicos. Não sei o que houve, mas algo abalou nossa sintonia. A parceria perfeita rompeu-se. Rachou. E as marcas não nos deixam mais esquecer a má fase e retomar os momentos de glória.

Hoje, eu e o forno resolvemos dar um tempo.

5 comentários:

Felipe disse...

Eu já tive uma fase esporadicamente boa com o forno. Mas sou um caso de fracasso retumbante. Outro dia explodi dois ovoz que tentei cozinhar e não consegui de jeito nenhum fazer a massa de panqueca. E ainda comi a dita cuja crua, o que me deu diarreia.
Beijocas!

Sheyla disse...

Tomara que esse tempo com o forno passe rapidinho!! A relação de vcs tem muuuuito futuro, amiga!!

Vênus disse...

Amiga,
Os cookies maravilhosos que comi outro dia me dizem que vocês foram feitos um para o outro!Bjos!

Anônimo disse...

kkk Linda, fica tranquila, vcs vão voltar! Quer dizer, quem pode que ficar tranquilo somos nós, que invariavelmente nos beneficiamos dos quitutes divinos que saem da sua cozinha! Persistência, garota, que já tô salivando pelo red velvet perfeito! Beijo, Ju.

Ana disse...

Também tenho uma fina sintonia com o forno. Para mim, ele é fonte de prazer e novidades.

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