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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Orgulho de ser mulher?

Já tive muito, muito orgulho de ser mulher. Nossa doçura, nossa delicadeza, nosso jeito de querer fazer do mundo um lugar melhor, nosso coração de mãe, nosso amor sem limites, nossa infindável fé nos homens, no futuro... Coisa de Deus, com certeza.

Hoje, infelizmente, já não posso dizer o mesmo. Meu orgulho está arranhado. Confesso que, com frequência, sinto-me envergonhada por ser garota. Esse sentimento de decepção ficou pior nos últimos dias. Uma simples festa me deixou traumatizada.

Ao chegar ao local da festa “junina”, meu queixo caiu. A começar pela vestimenta das mulheres. Em uma noite fria, imagina-se encontrar pessoas vestidas apropriadamente. Mas por lá tudo estava às avessas: vestidos não apenas justos, mas torados, não apenas curtos, mas minis (deixando entrever celulites, calcinhas e designs interiores), não apenas decotados, mas ínfimos, irrelevantes, suficientes para cobrir bicos...

Por que será que as coisas mudaram? Por que será que o importante hoje é se expor, se mostrar, como carne em açougue? Acho deprimente, degradante. Cadê a decência? Cadê o mistério, tão relevante para despertar o interesse? Cadê o respeito pelo próprio corpo? É o fim dos mundos sair de casa praticamente nua para conseguir chamar a atenção de quem quer que seja...

Será que essas mulheres já pararam para pensar no tipo de mensagem que passam? Baratas, fáceis, vulgares, para dizer o mínimo. Características que eram associadas às mulheres da vida, mas que hoje viraram lugar comum... Que pessoa admira alguém que se veste de forma tão degradante, tão exposta? Claro, os homens parecem adorar o novo estilo feminino, afinal, com isso, eles podem conseguir tudo o que sonham sem precisar se esforçar, sem precisar gastar lábia, sem precisar pagar...

Mas a coisa não para por aí. O problema não está só nas roupas. As atitudes também estão denegridas. As mulheres de hoje bebem demais, beijam qualquer um, transam rápido demais e acham que pegar uma pessoa por noite, imitando os homens, significa direitos iguais. Se pelo menos as mulheres imitassem os homens decentes, os homens educados... Não, foram logo copiar os depravados, canalhas, desrespeitosos... Para quê? Tudo bem. Queremos ter o direito de escolher com quem casar, queremos poder separar quando o casamento vai de mal a pior... Mas o que vemos hoje vai muito além disso.

O pior é que fica parecendo que todas são assim... Eu não sou mais respeitada pelos caras da balada porque centenas de piriguetes deixaram bem claro que não querem, nem precisam, ser respeitadas. Elas querem ser tratadas como iguais, querem só uma chance de mostrar que são tão "ousadas" quanto eles...

Outra coisa que me chocou foi a quantidade surpreendente de pessoas mais velhas nas baladas (curioso como o número de homens mais velhos é infinitamente menor). Nada contra o direito dessas mulheres de saírem de casa, dançarem, se divertirem, mas como é feio vê-las seminuas, avançando nos caras, quando, no fundo, deveriam ensinar bons modos às novas gerações.

Sinto MUITA falta da época em que os homens se aproximavam para conversar... Quando se aproximavam porque havia um desejo genuíno de conhecer você e não qualquer uma... De como gastavam uma balada inteira só conversando, trocando ideias, para então conseguir seu número de telefone e continuar a conquistá-la. Como se esforçavam para levar a mulher para jantar, como pagavam a conta, como abriam a porta do carro... E isso não faz tanto tempo assim. Uma década no máximo.

Hoje, o cara já chega agarrando você pela cintura, chamando de gostosa, tentando roubar um beijo após meio minuto de conversa e caso não consiga o que quer dá chilique, sai falando palavrão e ainda investe na sua melhor amiga, sem o menor peso na consciência (pior é quando a amiga fica com o cara...). E isso quando não inventa que tem que ir ao banheiro e aí some. Ridículo. E por que será que esse comportamento leviano, desrespeitoso veio para ficar? Depois de muito pensar, vi que a culpa está no sexo feminino.

Somos nós que freamos esses impulsos pegajosos, somos nós que ditamos o tempo e o ritmo dos homens, das paqueras, somos nós que permitimos ou não certos comportamentos, certas atitudes. Mas se resolvemos adotar uma postura moderninha e mostrar que topamos qualquer esquema, nada mais segura os homens...

Espero, honestamente, não ter que enfrentar outra situação como essa, de ver a degradação feminina; espero nunca ser confundida com os membros desse mundinho superficial; espero não me contaminar. Torço para que haja por aí não apenas mulheres que pensam como eu, mas também homens que valorizam as mulheres de antigamente, tradicionais, que não apoiam essa postura.

Nada contra uma mulher trabalhar. Nada contra ter mais direitos. Nada contra poder se aproximar de um homem e puxar um papo, sem ter que esperar que ele se aproxime. Mas tudo contra se perder na vida e se comportar como um ser barato, sem valor e descartável.

12 comentários:

Anônimo disse...

Não tenha receio: só um míope de carteirinha confundiria você com alguém desse mundinho superficial, Mari. Você foi destinada para o brilho, e assim é. Aperte o botãozinho do f%%%##-se quando algo não lhe agradar. Try to relax...so many good things goin´on!!! Bj.

Anônimo disse...

Nossa, Mari já faz tempo que leio seus textos. E esse está magnífico. Muito bom saber que ainda há espaço para reflexão em um mundo cada vez mais superficial. Nenhum homem com QI de três dígitos confundiria você com essas moças. O desespero leva a essas atitudes. Uma pena.Da minha parte, continuo abrindo portas e pagando o jantar. Não me sinto tolo, talvez anacrônico. Mas talvez por isso tenha tido a sorte de mulheres maravilhosas passarem pela minha vida. Um beijo do seu amigo Emerson Douglas.

Marcela disse...

Mari, muito bem colocado. É triste ver essa degradação feminina!!... Acredito, entretanto, numa evolução em espiral: as periguetes ainda vão perceber que se expor, se desvalorizar, não é o melhor caminho. E pessoas como você, expondo isso abertamente, têm um papel muito importante nesse processo. ;)

Elio disse...

Queria sua autorização para colocar esse texto no Facebook, apesar de ser homem, hoje, vejo as mulheres serem ridicularizadas por essa nova opção de ser " piriguete ", com isso, as demais como você, minha esposa e tantas outras " mulheres " que conheço se sentem assim, exatamente como você, parabéns pelo texto, muito bem escrito...

Elio

Lyana disse...

Citando Amora Mautner: "É como diz a Simone de Beauvoir, “a gente não nasce mulher, a gente se torna mulher”. Para mim, quando ela diz isso, mostra o quanto vamos nos preenchendo de nós mesmas. E, no fundo, o valor que a gente se dá é o valor que a gente tem."

André disse...

Mari, vc escreveu muito bem. Depois eu comentarei com calma, pois este texto merece. Por enquanto dou o meu apoio à sua reflexão. Bjs, André Said.

Mari Abreu disse...

Obrigada pelos comentários! Saber que leem o blog e que curtem os textos é bom demais! :) Boa sexta pra nós!

Danielle Carneiro disse...

Olá Mari. Leio o seu blog e sempre gostei do que vc escreveu.
Hoje, não é que não gosto do que vc escreveu, mas discordo totalmente.
Confesso que já pensei como vc. A gente faz um esforço enorme pra ser uma "moça comportada" e às vezes somos tratadas na noite como "vagabundas".
Hoje, meu pensamento mudou muito, pois li bastante sobre o feminismo e estou formando aos poucos minha opinião.
Acho super injusto e cruel as roupas das mulheres dizerem sobre o caráter delas ou sobre sua sexualidade. E a quantidade de homens que ela transa dizer sobre sua reputação de "santa" ou "puta". Isso é machismo. E ele está em mim, em você, em muitas mulheres por aí. Temos que parar pra olhar de perto e ver que o que acontece na noite não é culpa de nós mulheres pelo que vestimos, e sim culpa do machismo que insiste em ditar como as mulheres devem ser.
Luto e espero que todas as mulheres tomem a consciência de que podemos ser e agir como quisermos e não sermos valorizadas por isso.
Não sei se vc conhece, esse blog maravilhoso, o da Lola Aronovitch, e separei dois textos de mulheres machistas, para vc ler.
Espero que não fique magoada, essa não é uma crítica pessoal, e sim uma tentativa de mostrar pra vc um outro lado disso tudo que eu também aprendi a enxergar.
Os textos são esses:
http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2009/10/turba-enraivecida-da-uniban.html (sobre a moça que foi de roupa curta pra faculdade e quase foi linchada).
http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2008/11/luana-violncia-e-mulheres-barbudas.html (Críticas machistas que foram feitas à Luana Piovani sobre o episódio com o Dado Dolabela).
Um abraço.
Dani.

Perdeu, Playboy disse...

Oi, Dani! Antes de mais nada, obrigada por ler o blog e pelo comentário! Você tem razão. Muitas vezes, sufocadas por nosso olhar machista, julgamos as mulheres que usam determinadas roupas ou que transam com muitos caras. Vem da nossa criação e, muitas vezes, nem paramos para pensar nisso. Mas a verdade é que essa festa específica me chocou. Não tenho nada contra alguém usar minissaia ou roupa justa. Agora acho que não é necessário mostrar a polpa da bunda. Ainda mais em uma festa junina, à noite. Nada contra um decote, mas acho horrendo aquele que deixa entrever praticamente o bico do peito. Sinto que é uma coisa apelativa, para tentar se destacar em meio à multidão de mulheres! Claro que posso estar errada. Afinal, meu olhar é subjetivo (como o de todas nós, claro)! Mas adorei a dica do blog da Lola. Ainda não consegui olhar, mas vou sim ler os textos! Valeu pela dica! beijos e volte sempre!

André disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
André disse...

Oi, Mari, como falei, eu achei bem feliz a sua reflexão, a começar pelo primeiro parágrafo:

"Nossa doçura, nossa delicadeza, nosso jeito de querer fazer do mundo um lugar melhor, nosso coração de mãe, nosso amor sem limites, nossa infindável fé nos homens, no futuro... Coisa de Deus, com certeza."

Respeitando o comentário da Danielle, mas discordando completamente, não gosto muito de pensar que homens e mulheres podem agir como quiserem, sem que haja qualquer tipo de consequência de valoração. Ora, não há como desvincularmos nossa maneira de agir da nossa maneira de ser. Uma coisa reflete a outra.

Se por um lado existe realmente o machismo, que trata a mulher como objeto, a melhor resposta a ele não será um feminismo que jogue a mulher contra o homem. Mas, ao contrário, um verdadeiro feminismo será aquele movimento que mostre ao homem que homem e mulher precisam se ajudar, pois precisam um do outro para serem felizes, pois foram feitos para a complementariedade.

Por isso gosto do seu primeiro parágrafo, em que persiste a "infindável fé nos homens". Saber que as mulheres mantêm uma "fé nos homens" me motiva a ser melhor.

E, como homem que sou - muito mais do que um macho-reprodutor - posso afirmar que nada melhor do que quando nos deparamos com uma mulher que "exige" o melhor que podemos ser.

É certo que há no mundo muitos homens querendo simplesmente "fêmeas", mas eu garanto que há também muitos homens sérios, lutando para serem verdadeiros homens, querendo mulheres sérias, que lutem para serem verdadeiras mulheres.

Mais do que mulheres que se nivelem ao nível baixo em que muitos homens se encontram, nós, homens, precisamos que vocês mulheres - reconhecendo toda a preciosidade que vcs têm - venham e nos tirem da "lama".

Mesmo tendo a natural atração pelo corpo feminino, eu não estou atrás apenas de um corpo, mas de um ser completo, corpo e alma, por isso gosto muito de uma frase do Papa João Paulo II: “As roupas cobrem o corpo para nos deixar ver os valores da alma".

Para encerrar, eu apelo a vocês, mulheres, para que empreendam todo esforço para manter o que é próprio de vocês:

"Sua doçura, sua delicadeza, seu jeito de querer fazer do mundo um lugar melhor, seu coração de mãe, seu amor sem limites, sua infindável fé nos homens, no futuro... Coisa de Deus, com certeza."

E nunca desistam de exigir de nós, homens, o melhor que nós podemos ser. Ok? Ajudem-nos, nós precisamos de vocês! :)

Abraços

Anônimo disse...

Chocólatra, romântica, boêmia e ariana (muito ariana!)! Sonha em morar numa casa branquinha e confortável, com filhos arteiros de nomes exóticos na barra da minissaia (até porque casar não é entrar pra um convento). Adora cozinhar e não resiste a um bom prato (magra, só na próxima encarnação). Arrebatada (positivamente) pelos 30, acha balela esse papo de ficar pra titia! Até porque conheço cada titia... /// * Ana Fabre - Estatisticamente falando: mulher, 30 anos, brasiliense, jornalista. Uma pessoa normal. Sinceramente falando: mulher balzaquiana, meio de saco cheio de Brasília, doida pra escrever tudo menos notícias de verdade. Uma pessoa normal (será?). CO-FUNDADORA DO PERDEU, PLAYBOY, HOJE COLABORADORA DO BLOG.

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