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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Primeiro Porre

Meu primeiro porre foi coletivo – e acidental, diga-se de passagem! É claro que não fui para o “evento” (éramos quatro amigas e cinco coleguinhas) mal intencionada, pensando em como cada gota daquela bebida me deixaria passada. Eu acreditava piamente que aquela cachaçada era só mais uma reuniãozinha feminina, com direito a alguma paquera e boas risadas.

Talvez deva confessar que fui um tanto ingênua. Afinal, eram cinco litros de cachaça só para a gente. Quer dizer, só para as mulheres, pois chegamos primeiro ao local, sem qualquer notícia sobre o aparecimento futuro dos amigos – e pretendíamos beber tudo. Fomos curtindo a vibe, entornando copos, como se não houvesse amanhã – horas depois, realmente parecia que não haveria.

Lembro-me que estávamos muito felizes. Ríamos de tudo. Aquela noite parecia mais especial do que as outras, sei lá. Os meninos foram chegando e ainda assim o clima continuava bacana, talvez até melhor do que antes, o que era muito curioso, pois os homens costumavam estragar um pouco a felicidade despreocupada e devassa das mulheres, fazendo-nos sentir péssimas por não sermos donas de casa subservientes.

Foi só então que me dei conta de que quatro garrafas já tinham ido para o saco e então comecei a pensar que estávamos bem demais depois de tantas branquinhas. Como assim ninguém passou mal? Está todo mundo articulando palavra, dançando, rindo? Ninguém precisa de glicose?

Cada garota foi então “cuidar” da sua vida. Só nos reencontramos no final da noite, apesar de termos continuado todas na mesma balada. E que final de noite!

De repente, vejo minhas duas grandes amigas caindo pelas tabelas, bêbadas até o talo, com caras horríveis de arrependimento. Corri, preocupada. Foi aí que ouvi o primeiro choro. “Fiquei com ele. Meu Deus! Como? Ele tem namorada! E eu nem o achava bacana, lembra? Torci o nariz para ele na aula!”. Mais choro convulsivo e lágrimas, muitas lágrimas.

A outra, que aparentemente não tinha feito nada de errado – a não ser dançar de forma provocativa com três dos cinco convidados –, desatou. “Cara, que isso! Não chora! Você fez merda, eu fiz merda, a vida é uma merda... Quer dizer, sei lá! Mas passou! Agora, preciso dizer que estou é com pena dele, porque sei que você vai partir o coração do coitado”.

Pela conversa, era difícil dizer quem estava pior. Fiquei olhando aquela cena caótica, meio rindo, meio preocupada, até que uma chamou o Raul. “Ah, então ela está pior...”. E aí a outra cuspiu um caldo encaroçado e ácido na mesma intensidade e volume da outra. “Hum, pho-deu. Estão todas po-dres”.

E aí já nem havia tempo para os meus lamúrios, choros, meu vômito (na verdade, eu estava mesmo ótima e tinha adorado a noite). Água, água, água. Todas no carro. Obrigada, meninos, mas precisamos mesmo ir. Passando mal? Que isso! Elas estão ótimas. Só com sono mesmo. Sabe? Coisa de mulher. Já ouviu falar em sono da beleza? Amanhã ligamos. Não se preocupe. Não vamos sumir. Ei, que chatice. Estamos indo embora! Vou fechar o vidro agora! Para de enfiar sua língua na minha amiga!

Nem sei como consegui deixá-las em casa intactas, vivas. Mas o fiz. Cada uma chegou em casa respirando e então fui descansar. Não tive ressaca, não dormi mal e nem fiquei com peso na consciência. Juro! Foi um porre tão light que pensava repeti-lo qualquer dia daqueles. Só para desafiar quem ousasse falar qualquer coisa negativa sobre o excesso de bebida.

Foi então que recebi, por e-mail, as fotos da festa, tiradas por um dos meninos, bem no estilo “Se beber, não case”! Quê?????? Não sei explicar, mas de repente entendi perfeitamente o que queriam dizer sobre o tal PESO na consciência...

1 comentários:

Igor Ribeiro disse...

Adorei a espirituosidade dos comentários kkkkkkkkk

Curiosamente, eu não lembro do meu primeiro porre (peso na consciência, oi?).

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