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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Eu quero a morena de jeans

Havia um monte de seguranças logo na entrada. Um número bem acima da média das boates que Paulinha frequentava. Só que eles não eram mal-encarados. “Menos mal”, pensou ela, que detesta gente tosca. Quando abriram a porta, ela viu um salão amplo, comprido e, curiosamente, todo carpetado. Ao fundo, um palco e uma cortina vermelha, com o DJ do lado direito. “Mas que diabos de boate é esta? Hum... Vai ver que, mais tarde, rola um showzinho ao vivo”, pensou consigo, otimista. Afinal, aquele era seu terceiro encontro com Pablo. Por isso, ela não queria começar a noite reclamando e estragar tudo (o que poderia ser fatal para o futuro do relacionamento, principalmente porque está muito difícil desencalhar!).

Eles se sentaram para tomar um drinque. Enquanto conversavam, Paulinha não conseguiu deixar de olhar para os lados. A música tocava e só as mulheres dançavam. Até então, nada de mais. Afinal, nós, mulheres, sempre inauguramos a pista mesmo! Mas essas mulheres não eram garotas comuns. Elas usavam roupas muito curtas, muito coladas e muito decotadas (uma combinação fatal para qualquer mulher no Planeta. A não ser que você seja a Gisele Bündchen). “Ou elas fazem parte de alguma seita ou tem alguma coisa errada aqui”, pensou Paulinha, mas resolveu voltar sua atenção para Pablo, afinal desencalhar era o mais importante naquele momento.

Alguns minutos depois, precisou ir ao banheiro. Chegando lá, se deparou com duas mãos cheias de mulheres fofocando, rindo, retocando maquiagem. “É, tudo normal. Só absurdamente lotado de piriguetes, mas, beleza”, disse para si. Foi aí que ela tomou um primeiro susto. Um cara, do nada, apareceu no banheiro feminino (que nem porta tinha) e pediu às ocupantes das casinhas que se retirassem, para que Paulinha pudesse se aliviar. “Não precisa”, Paulinha se apressou em dizer ao tal moço. Mas ele insistiu. E aí uma portinha se abriu e a garota disse: “Você se importa de fazer xixi enquanto eu me troco”? Branca de vergonha, Paulinha concordou com a proposta inusitada, sem saber no que se metera.

Conversa vai, conversa vem, a moçoila pergunta: “Você é cliente? Acho que te vi aqui na semana passada”! “Cli-cli-cli-en-te?????????? Como assim???” E foi então que Paulinha entendeu tudo! Meu Deus, Pablo a havia levado a um puteiro!!!! Que espécie de terceiro encontro é esse? Que modernidade é essa? Quem ele pensa que ela é? Sentindo-se insultada, Paulinha subiu as escadas marchando de raiva e foi puxando Pablo pelo braço: “Vamos embora agora! Como você ousa me trazer a um puteiro, meu Deus”??? Pablo riu e disse: “Relaxa, gata. É só porque aqui temos mais privacidade”.

Gentem!!!!!!! Quer privacidade? Mora sozinho, aluga um flat ou, pelo menos, pague a porcaria do motel!!!! Mas um puteiro??

Só que não houve forma de convencer o moço e, como ela estava de carona (e desesperada para desencalhar), ficou por ali, com a garantia de que permaneceriam por mais alguns minutos (“no máximo uma hora, Paulinha, vai?”), até ele terminar sua cerveja. Mas a bebida fez efeito e foi Pablo quem precisou ir ao banheiro. “Volta logo”, gritou Paulinha, enquanto bolava planos diabólicos para eliminar aquela bebida toda. E aí foi que ela tomou o segundo susto da noite.

“Oi, coisa linda. Não vai embora não. Senta aqui com a gente!”, disse o vizinho de mesa e os amigos dele abriram um sorriso. “Não, obrigada. Estou acompanhada”, respondeu ela, apressada. Mas Pablo demorou e os vizinhos mexeram com ela novamente. “Vem pra cá, vem! A gente cuida de você melhor do que esse cara aí.” Paulinha deu seu sorriso mais amarelo e se afundou na cadeira.

Quando Pablo voltou, ela contou o episódio. “Está vendo? Por isso, é melhor sairmos daqui. Alguém vai tentar me agarrar! Eu não sou garota de programa!!”. Pablo sorriu e bebericou mais um pouco de cerveja. “Relaxa, gata. Nós já vamos.” Só que esse foi o JÁ mais furado do milênio. O tempo passava, Paulinha emudecia, e nada de Pablo abandonar o barco.

Com o passar do tempo, as performances das moças começaram a rolar. No palco, havia uma daquelas barras de pole dance, que Paulinha não tinha notado, ao entrar. Moças atrás de moças se agarravam ao mastro, com as lingeries mais bregas, dançando vulgarmente em meio a um monte de fumaça e luzes vermelhas que saíam do teto, enquanto se despiam e deixavam à mostra o que já estava óbvio desde o início com aqueles pretextos de roupa (mas, ainda assim, os homens babavam e se agitavam em suas cadeiras).

Desesperada e sem qualquer reputação a zelar, Paulinha partiu para o desespero. Virou toda a cerveja em sua boca, correndo, para sair dali o mais rápido possível. Só que, na pressa, ela se babou inteira e precisou ir ao banheiro, limpar a sujeirada. Quando chegou lá, susto número três. Um cara a segurou pelo braço. “Ei. Posso te perguntar uma coisa?” Ela revirou os olhos, sem paciência, mas respondeu: “Sim, pode”. “Eu queria saber se você trabalha na casa.” “Não, não trabalho. Licença.” Enquanto corria para o banheiro, ela começou a pensar o que seria da sua vida de agora em diante. Afinal, se ela foi confundida com uma coleguinha é porque algo de vulgar ela tinha. “Será que é minha roupa? Meu cabelo? O meu jeito de andar? Meu cheiro? Ahhhhhhhhhhhhhhhhh!”. Com lágrimas nos olhos, se atirou na privada, enquanto se esforçava para recuperar a cara de boa moça (se é que ela tinha essa cara).

E foi quando a coisa afundou de vez. Uma moça entrou no banheiro. “Fulana, você está de calça jeans?” “Não, não. Por quê?” “Tem um cara aqui fora querendo me levar pra casa junto com uma morena de jeans! Eu pensei que fosse você.” Quando Paulinha abriu a porta, eis a supresa. A moça olhou para ela e disse: “Ah, achei. É você quem ele quer levar pra casa”. “Ora, mas que absurdo”, pensou Paulinha. “Ele jamais poderia pagar meu preço! Peraí!! EU tenho preço???? Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh” Louca da vida, Paulinha subiu as escadas correndo, puxou Pablo pela gola e disse: “Vamos embora, a-go-ra”!!!! Ele riu e ela fez o que jamais imaginou que pudesse fazer (talvez essa tenha sido a maior loucura de toda sua vida): se contentar com a solteirice!

“Olha aqui, seu tarado sem noção. Vai se pho-der! Depois disso aqui, prefiro ficar encalhada! E não pense que é o único que sabe como se divertir!” Ela se virou, caçou o cara que tinha feito a proposta do ménage e partiu com ele e a coleguinha loira para uma noite de verdadeira diversão, sem joguinhos ou falsas promessas.

By Mari Abreu

8 comentários:

Zethi disse...

É... Paulinha mostrou que, a depender do contexto, todo mundo tem um preço!

Felipe Tazzo disse...

Confesso que a descrição do ambiente está absolutamente perfeita (infelizmente).

Filipy Parente disse...

Quero conhecer a Paula!!

Elder disse...

Que tipo de homem é esse que leva uma paquera pra um puteiro?! E que tipo de mulher é essa que aceita tal situação, pra não ficar encalhada!? Ela realmente pretendia desencalhar com um sujeito desses? Haja desespero!
E eu que pensei que já tinha visto de tudo! O.o
kkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

Mari, essa história é a superação do total sem noção! Rebolar para não encalhar, tudo bem. Mas virar puta... Essa Paula foi looonge demais... hahahahahaha

Anônimo disse...

Qual o telefone da Paula?
hauhauhauhauhauh
Berçot

Anônimo disse...

Eu quero mesmo saber é se a Paula gostou do menagè!!!!!!!!!

Mari Ceratti disse...

Honestamente: o cara leva a menina para um puteiro e espera o quê? Que ela goste?
:-P

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