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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

De médico e louco, todo mundo tem um pouco

Tudo começou há uns 25 anos. Gente, que coisa mais precoce! Filhos de melhores amigas, eu e Dr. Empata crescemos juntos. Na infância e adolescência, ele era apaixonadinho por mim. Só que eu estava mais a fim de brincar de Barbie (eu demorei pra me iniciar nessa vida), então as tímidas, mas constantes, investidas dele não surtiram o menor efeito. Rolava até um incentivo materno, mas não teve jeito, eu ainda estava naquela fase “Meninos??? Blergh!”. Pausa para reflexão: dizem que a vida é cíclica. Depois de tanta decepção e cada vez menos esperança, será que estou voltando a essa fase? OMG! E, antes que vocês perguntem, eu NÃO estou virando lésbica, não levo o menor jeito pra coisa.

Eis que agora, no alto de nossos 30 anos, eu e Dr. Empata voltamos a nos encontrar. Só que com algumas diferenças: já adulta, eu gosto mais de meninos do que de Barbie e nossos encontros não são mais nas casas de nossas mães, durante almoços fraternos e bucólicos, mas em baladas mesmo, na zona de guerra. O primeiro tête-à-tête foi no Gates, regado a muita vodca e pouquíssima racionalidade. Foi uma coisa linda! Dr. Empata ficou andando de mãozinha dada comigo a noite toda. Eu ia ao banheiro, ele ia atrás, eu ia comprar bebida (porque o tal do bêbado nunca acha que já chega), ele comprava pra mim, e assim foi a noite TODA! Na hora de ir embora, meu, a essa altura, quase marido se ofereceu pra me levar em casa. Oooopa! Vai rolar! Ele estaciona o carro, desliga o motor, tira o cinto, vira pra mim e... “Tchau, Aninha, foi ótimo te encontrar”. Como assim, Bial???

No dia seguinte, chequei tudo com meus HD’s externos, pra ver se eu não viajei e se todo aquele romance durante a noite tinha sido fruto da minha imaginação etílica. Era tudo verdade! Ok. O rapaz ficou tímido, ou quis me respeitar, ou não se aproveita de mocinhas fora do controle, blá blá blá caixinha de fósforo. O fato concreto é que ele ciscou, ciscou, ciscou e não cantou de galo no final. Uma verdadeira lástima pra raça masculina, eu diria. Mas tudo bem...

No segundo encontro, cumprimentei, conversei um pouco, vi que ia ser tudo igual e fui viver minha vida. Afinal, a luta continua companheiro! Mas, meia hora depois, lá vem Dr. Empata. De novo, ficou coladinho em mim a noite INTEIRA! Acho que só não andou de mãos dadas comigo dessa vez porque eu nem estiquei o braço. Em um momento de liberdade (uma hora alguém tem que fazer xixi!), um rapazinho bem interessante chegou em mim. A volta do meu segurança, porém, expulsou meu pretendente. Sim, Dr. Empata fez isso! Viu o clima rolando, a troca de olhares, o quase beijo no ar e tratou de se apressar e ocupar seu espaço. Ódiooooooo!!!

Terceiro encontro, tudo de novo! Já estava quase apresentando Dr. Empata como meu namorado. Tentei escapar, fugi pros cantos mais ermos da festa, mas ele sempre me achava. Cheguei a pensar que minha mãe tinha contratado o cara pra me vigiar, ou tinha oferecido um dote, sei lá. Mas não, ela não fez isso (sim, eu perguntei a ela).

No quarto encontro, minhas amigas me abandonaram com ele. Sabiam que nada ia rolar pro meu lado mesmo e foram ganhar a vida, né? Como estava aprisionada ali, resolvi desabafar com ele. Joguei limpo mesmo. “Dr. Empata, por favor, revela o que rola com você. Se for timidez de chegar chegando, fica à vontade, estou aqui superdisposta (até porque ninguém mais vai chegar em mim...). É vingança por eu ter curtido mais a Barbie que você, no passado? Aproveita então e realiza sua fantasia da infância logo. Ou me liberta, pelamordedeus!”. Como resposta recebi apenas uma risadinha e um... um... um... ABRAÇO! Fui pra casa mais uma vez no zero a zero, só ouvindo as felizes histórias das minhas amigas.

Hoje, tenho medo de sair e encontrar meu cinto de castidade ambulante. Estou tensa. Minha terapeuta já fez até regressão pra ver se eu consigo me libertar desse fantasma da infância. Minhas amigas estão preocupadas. Elas chegam na frente na balada e me avisam se Dr. Empata está lá. Checado o terreno, chego depois, feliz e saltitante, mas ele surge, do nada, e acaba com minha noite.

A Mari se revoltou. Cansou dessa palhaçada e montou uma força tarefa, com estratégias ninjas de ataque. Convocou a Força Nacional, a SWAT, o exército chinês. Disse que a próxima vez que encontrarmos Dr. Empata na balada, ela vai partir pra ignorância, já vai chegar dando voadora no peito. Ela até anda com uma foto dele na bolsa e mostra pra todo mundo que sai com a gente: “Olha, se esse cara aqui chegar perto da Ana, você enxota ele pra longe na porrada!”.

By Ana Fabre

4 comentários:

Lyana disse...

Possibilidades:
1) o menino é gay e não sabe, ou sabe e tá te usando pra se mostrar pros outros;
2) ele é evangélico, casto e puro, querendo um namoro santo;
3) ele tem um trauma de infância causado por vc e foi orientado pela psica dele a te procurar pra acabar com isso, mas continua traumatizado;
4) Ele é completamente apaixonado por vc desde a infância, finalmente te reencontrou, vc adulta, linda e poderosa e ele achando que ainda tem 5 anos...
5) Ele vai te pedir em casamento no próximo encontro e confessar que sobre absurdamente com mau hálito.
Anyway, run, baby, run!!!!!!

Anônimo disse...

vc é lésbica???

Anônimo disse...

Que bosta!!!!

Helder Nozima disse...

Olha, não é por nada não...mas se alguém quer achar homem sério para casar, que não pule cerca e ame além da aparência...evangélicos que querem e sabem ter namoros santos e castos não deviam ser descartados.

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